Nenhum dos lançamentos mais importantes de hoje nas principais capitais e cidades do País chega às salas de Londrina. E olhe que não são muitos, destaque apenas para o excepcional ‘O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford’ (a estréia nacional nem mesmo chega em Curitiba), ‘O Reino’ e ‘Viagem a Darjeeling’.
Parte deste panorama desértico se deve ao período pré-Natal, sempre mais encolhido, as vacas gordas fazendo dieta para o presépio. Mas alguma coisa além disso deve se passar no horizonte onde habitam, nem sempre em paz e harmonia, distribuidores e exibidores. É tempo de crise no setor, sem nenhuma dúvida.
Não é segredo que o preço alto do ingresso andou afugentando dos multiplex levas de freqüentadores mais assíduos, constrangidos por gastos que chegavam a R$ 40 num único programa – estacionamento, duas inteiras e pipoca regada a refri, em estimativa para um casal.
Bem, a boa notícia é que as bilheterias já estão cobrando, embora sem muito alarde, preço único, o meio ingresso para todos. E para seduzir e promover a volta dos retirantes, semana que vem a situação fica ainda melhor: R$ 3 por cabeça, em liquidação de fazer inveja a muito magazine das redondezas. Pelo menos é que anuncia o exibidor.
E o que sobrou como novidade para Londrina é o nacional ‘O Magnata’, outro já lançado no circuito nacional. O público a que se destina é aquele que conhece o Chorão. Pelo menos o filme está sendo vendido assim, como um filme do Chorão. E quem é o Chorão, aliás Alexandre Magno Abraão? Até os não muito iniciados no cenário da chamada música jovem têm noção de quem é ele, ou já ouviu falar na banda roqueira dele, a Charlie Brown Jr. O grupo é sucesso regular no panorama do rock nacional há quase dez anos. E daí Chorão chega agora ao cinema.
Prática de skate, grafitismo, hip hop, rock n’ roll. Esta é a linguagem substantiva (e adjetiva, por que não?) de ‘O Magnata’, de olho principalmente na extensa tribo que se nutre regularmente da ração balanceada com a grife MTV. O argumento do filme dirigido por um expert neste entorno, o videoclipeiro Johnny Araújo, gira em torno de quatro dias na vida do jovem Magnata (Paulo Vilhena), saído da classe alta paulistana, órfão de pai e vivendo de rupturas com a mãe perua e alcoólatra (Maria Luiza Mendonça.). Com certeza por isso é um desajustado social, delinqüente e arrogante, dono de todas as baladas, em rodas que assimilam inclusive bandidos da pesada.
Vivendo nesta vida meio alucinante, em momento de crise brava, Magnata dá de cara com o amor. É a jovem Drica (Rosanne Mulholand), recém-chegada de Nova York e candidata a escritora. Mas mesmo vivendo esta paixão redentora, que o faz menos egocêntrico e mais humano, o destino de Magnata parece selado. E por aí vai o filme, que busca da autenticidade na caracterização do gueto onde habita a fauna skatista, embalada pela música paulistana alternativa.