Estreias

Sem fôlego

02 dez 2000 às 17:22
Poucas pessoas poderiam negar que o melhor modo para se morrer seria durante o sono, sem dor, de preferência bem velhinho. Mas, inevitavelmente, a morte chega para alguns de forma lenta, causando grande sofrimento. Só o medo de ser enterrado por engano, ainda vivo, deve fazer muitos escolherem ser cremados.
Partindo deste ponto, 24 Horas Para Morrer, filme originalmente criado para a TV, tem um enredo um tanto quanto previsível que, se não é original (aliás, que roteiro hoje em dia o é), não tem nada a ver com o melodrama comum entre moçinhos e bandidos. Longe disso, o filme mostra-se um suspense psicológico tenso e eficaz.
Sua premissa, a de que policiais e criminosos às vezes compartilham as mesmas inclinações para o mal, ganha credibilidade especialmente pelas atuações de Maura Tierney (O Mentiroso e Forças do Destino) como Madeline, a policial com uma história de doenças emocionais e Adrien Brody (Além da Linha Vermelha e O Verão de Sam) na pele de Harry, um psicopata que tenta inovar, enterrando suas vítimas ainda vivas.
Ele seqüestra Frances Hannon (Laila Robins) e enterra seu corpo vivo em um cemitério de Nova Iorque. Sua motivação inicial é conseguir um resgate de muitos dólares de Clarke Hannon (James Naughton), o marido rico. Mas logo o espectador percebe que existe mais por trás de um simples interesse financeiro; Harry está nisso pelo jogo. A polícia recebe uma fita de vídeo onde Frances aparece implorando por socorro e tem apenas 24 horas para salvá-la, caso contrário ela vai ficar sem ar e morrer.
Daí em diante, o filme é uma caçada de gato e rato até o final, um duelo entre a policial e o psicopata. 24 Horas Para Morrer tem um ritmo de ação, mas é um suspense genuíno. Essa é uma mistura diferente que funciona extremamente bem. Com um bom roteiro e um elenco melhor ainda, o diretor Richard Shepard poderia ficar satisfeito. Mas se não bastasse isso, a química entre Tierney e Brody, os dois protagonistas, intensifica cada cena que dividem na tela.
Apesar do tema e os personagens serem obscuros, o filme tem uma aparência bem leve. A claridade chama a atenção deste o começo. As cores sobressaem e fica difícil não notar. Visualmente é magnífico. A fotografia suave e brilhante, mas intensa, trabalho da dupla Sarah Cawley e Rolfe Kent, é um contraponto interessante para a profundidade tensa do tema tratado aqui.
O mais importante neste filme é a atuação. É bem sucedido naquilo que a maioria dos filmes de suspense preferem manter distância, a performance do elenco. Os atores, dificilmente alguém que já se tenha ouvido falar, são muito melhores do que aqueles rostos conhecidos que estão sempre na boca do povo. Isso faz pensar quanta porcaria com um elenco de astros e estrelas inexpressivos, mascarada por um orçamento monstruoso o espectador tem que assistir.

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