O Quarteto Fantástico nasceu em 1961, criação de Stan Lee e Jack Kirby. No ano da gênese do grupo de heróis, o então editor da Timely, que viria a se tornar a Marvel Comics, jogava golfe com o empresário da rival DC Comics, Jack Liebowitz. Em uma das partidas, Liebowitz comemorava uma nova onda de sucesso dos quadrinhos, a dos grupos de superseres, como a recém-formada Liga da Justiça. Goodman, convencido das boas idéia do adversário, deu então a Stan Lee a incumbência de gerar uma revista nessa linha.
Assim, Lee (roteiros) e Kirby (desenhos) puseram a mão na massa, mas evitaram bater de frente com o sucesso da Liga da Justiça. Para isso, criaram um grupo com características diferentes: uma família de super-heróis e que não tinham identidade secreta, combatiam os bandidos com uniformes idênticos e sem máscaras.
A era atômica e espacial -decorrentes de reflexões sobre a bomba nuclear e a possibilidade de viajar fora da Terra- influenciou várias produções da época, conhecida como a Era de Prata dos quadrinhos. Vários personagens foram criados sob o manto da ficção científica no período: o Hulk veio de um cientista bombardeado por raios "gama"; o Homem-Aranha, picado por uma aranha radioativa; Barry Allen teve um acidente químico em laboratório e virou The Flash; Hal Jordan foi escolhido por uma alienígena para carregar o anel do Lanterna Verde, e por aí vai.
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Em 1961, então, nascia o Quarteto Fantástico: O cientista Reed Richards e sua mulher, Susan Storm, acompanhados do irmão de Susan, Johnny Storm, e o amigo e piloto Benjamin Grimm, foram bombardeados por raios cósmicos durante uma viagem espacial em um foguete experimental, construído por Richards. De volta à Terra, os quatro assumiram poderes relativos aos elementos da natureza, água, ar, fogo e terra.
Reed Richards, o Senhor Fantástico, passou a ter o corpo elástico e maleável como a água; Susan Storm, a Mulher Invisível, manipula seu corpo e o ar de forma que pode gerar campos de força e ficar invisível; Johnny Storm, o Tocha Humana, tornou-se capaz de controlar chamas em suas moléculas e Benjamin Grimm, o Coisa, virou uma rocha humana.
Com isso, decidiram usar os poderes para proteger a Terra, a partir do Edifício Baxter, em Nova York (mais tarde eles mudaram para o Four Freedoms Plaza e outros endereços). A idéia de um supergrupo em família, mais falível e humano, agradou os fãs e ganhou vários admiradores, principalmente com tramas fantásticas e lugares inimagináveis, com o Microverso e a Zona Negativa.
Logo surgiram os principais e carismáticos vilões, como o devorador de mundos Galactus e Doutor Destino, nêmesis de Reed Richards, um ser que esconde sob o capuz e a máscara de ferro uma das únicas mentes capazes de rivalizar com a inteligência do Senhor Fantástico.
De lá pra cá, alguns heróis passaram a ser coadjuvantes constantes, como Namor, o Príncipe Submarino, apaixonado por Susan Richards, e Mulher-Hulk, parte do grupo quando o mesmo andava em crise editorial nos anos 80. O Surfista Prateado foi quem mais se deu bem na história. Passou de um personagem secundário, um arauto de Galactus, a herói de primeira grandeza durante os anos 70.
Nos anos 90, Reed e Sue, casados, passaram a dividir as histórias com o poderoso filho, Franklin Richards, e recentemente tiveram uma filha, que precisou dos cuidados do Doutor Destino para continuar viva. É bem verdade que o grupo passou os últimos 20 anos oscilando fases regulares e muito ruins e só nas últimas temporadas vem ganhando força novamente, com a possibilidade de um bom filme nos cinemas e a revitalização dos personagens pela linha Ultimate, conhecida no Brasil como Millenium.
Contudo, o charme do supergrupo familiar continua em alta -a animação "Os Incríveis", por exemplo, é uma referência descarada ao Quarteto Fantástico- e histórias como a fantástica batalha temporal entre o Senhor Fantástico e Doutor Destino, na fase de Walter Simonson (mais precisamente no número 352 de Fantastic Four e na finada Superaventuras Marvel, da editora Abril), é simplesmente imperdível.
Quarteto Fantástico teve filme trash em 94
Em 1994 ficou pronta a terrível e impagável adaptação de Roger Corman para os cinemas. O Quarteto Fantástico de Corman, é digno de qualquer sessão trash de Ed Wood e pode ser encontrado nas melhores casas do ramo de filmes B. Em uma seqüência do Tocha Humana, por exemplo, as chamas são visivelmente "feitas em casa", com efeitos a partir de esboços no papel.
A equipe teve um desenho animado de relativo sucesso durante os anos 60, produzido pela Hanna-Barbera. Na década seguinte, o quarteto ganhou nova animação, desta vez pela DePatie-Freleng Enterprises (que tornaria-se a Marvel Enterprises Ltd. nos anos 80). A nova série não fez muito sucesso, principalmente porque o Tocha Humana foi substituído por um robô, chamado H.E.R.B.I.E. (!), já que os executivos achavam que crianças e adolescentes poderiam ser tão idiotas ao ponto de colocar fogo no próprio corpo para imitar o personagem.
Já no início dos anos 90, a Marvel criou a "Marvel Action Hour", que dividia uma hora de animação entre Homem de Ferro e Quarteto Fantástico. Algumas das aventuras eram apenas recriações atualizadas dos desenhos da década de 60 e a série durou apenas duas temporadas.
A coisa mudou quando a Marvel finalmente deu atenção ao poder do cinema e escolheu profissionais à altura para transmitir o conceito de suas criações na sétima arte. Então, depois de X-Men, Homem-Aranha, Hulk, Elektra, Demolidor, Blade e Homem-Coisa, a "Casa das Idéias" decidiu que seria a vez da nova audiência contemplar um dos mais carismáticos grupos de super-heróis já criados, o Quarteto Fantástico. Resta agora pagar para ver se a película, dirigida por Tim Story, tornou-se realidade.