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Quero o dinheiro do ingresso de volta

Cris Fiedler
02 mai 2001 às 17:22

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A minissérie O Auto da Compadecida virou filme de sucesso e a Rede Globo agora acha que é festa. Renato Aragão tirou asas de anjo e caiu de pára-quedas para atuar, e mal, nessa versão da TV para o cinema. Vamos refrescar a memória. Há um ano, a emissora produziu o especial Visita de Natal, baseado no conto de Leon Tolstoi, "Onde está Deus, está o amor". A produção foi cinescopiada a aparece agora na telona com direito 20 minutos extras, cabeças cortadas e outros defeitos técnicos. Tudo para não deixar estas férias passarem sem um filme do Didi. E faz falta?
Em Um Anjo Trapalhão, Renato Aragão interpreta um vagabundo que chega a uma pequena cidade. Os moradores estão infelizes, o prefeito é corrupto, um bêbado perdeu sua esposa, uma família finge que é cega para abusar da caridade alheia e por aí vai. Didi fica na casa de um sapateiro e, vendo a infelicidade do povo, faz a promessa de que Deus virá fazer uma visita na noite de Natal.
A atuação do comediante é um fiasco. O resto do elenco teve a participação limitada já que quase todas as falas saem da boca do vaidoso Renato Aragão. A dramaticidade limitou-se a quase dois minutos de filme, quando o ator Francisco Cuoco aparece na tela fazendo o papel de um pai que se perdeu dos filhos e da esposa (Regina Duarte) durante uma noite de tempestade. Paulo Betti (Ed Mort) faz o papel do sapateiro. Acredite se quiser! O ator nada tem a ver com o perfil do personagem e ficou totalmente perdido. No conto de Tolstoi, o sapateiro Mikail é um velhinho carente, sem ninguém no mundo, que se contenta ao ler a Bíblia e passa a ajudar os outros. A menina Alessandra Aguiar pode ser uma graça, mas ainda pensa que está fazendo comercial de Melissinha!
Numa platéia repleta de crianças não se ouviu uma só risada durante toda a exibição e o descontentamento do público estava na cara depois que as luzes finalmente se acenderam. Enfim, sobrou apenas o roteiro feliz do conto do escritor russo num filme mal dirigido por Alexandre Beury e Marcelo Travesso. Já era ruim na TV, imagine no cinema.
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