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'Peixe Grande' traz de volta a magia de Tim Burton

Rodrigo Juste Duarte
19 fev 2004 às 17:24

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- Divulgação
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Tim Burton finalmente volta a ser Tim Burton em "Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas", uma fantasia bem ao estilo do diretor, que se consagrou com filmes mágicos com elementos góticos e até bizarros, porém enfocados de uma forma divertida e cativante - vide "O Estranho Mundo de Jack", "Os Fantasmas se Divertem" e "Ed Wood".

Em "Peixe Grande" o excêntrico diretor deixa de lado empreitadas absurdamente comerciais que o descaracterizaram (como as últimas adaptações de "Planeta dos Macacos" e "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça") para - perdoem o trocadilho - mergulhar num universo que tem sua identidade. O filme conta a jornada de Edward Bloom (Ewan McGregor) e sua rede entrelaçada de histórias reais e imaginárias.

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Através de flashbacks, Bloom conta suas histórias, em especial uma que envolve um grande peixe que nunca consegue ser pescado. As demais trazem Bloom escoltando um gigante de mais de 3 metros a deixar sua cidadezinha, encontrando uma cidade maravilhosa com um chão tão macio que ninguém precisa de sapatos (eles são jogados em um fio de luz na entrada), uma bruxa com um olho de vidro onde cada pessoa pode ver como irá morrer, um bonito circo onde encontra a mulher de sua vida (e tem que trabalhar nele para alcançá-la), entre outras aventuras.

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As fabulosas histórias de Bloom encantam todos que ele encontra, exceto seu filho Will (Billy Crudup), que também deixou sua casa mas, neste caso, para fugir da proteção do pai. Quando Edward adoece e sua esposa, Sandra (Jessica Lange), tenta uni-los novamente, Will embarca numa jornada pessoal para tentar separar o mito da realidade sobre a vida de seu pai e chegar a uma aceitação em relação aos enormes feitos e grandes fracassos daquele homem.

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O título do filme é mais do que adequado e traz várias referências. A começar pelas histórias de pescador, mentirosas por excelência, que sempre trazem um peixe grande como personagem. Edward Bloom também é. Quando tinha oito anos, confinado em uma cama por causa de uma anomalia no crescimento, Edward passa o tempo lendo a Enciclopédia Mundial inteira. O que mais lhe chama a atenção, em particular, é um artigo sobre o peixe-dourado, no qual ele aprende que "se um peixe-dourado é mantido num pequeno aquário ou compartimento, ele não crescerá. E que com mais espaço, este ser pode dobrar, triplicar e até mesmo quadruplicar seu tamanho".


Dez anos mais tarde, depois de se tornar um dos mais populares jovens da minúscula cidade de Ashton, na Carolina do Sul, ele percebe que, tal como o peixe-dourado, para crescer ele terá de sair de casa e explorar o mundo. Como ele diz para o seu novo amigo Karl o Gigante, "Você acha que esta cidade é muito pequena para você? Bem, ela é muita pequena para um homem de ambições tão grandes como as minhas. Eu adoro cada canto deste lugar. Mas eu sinto que seus limites se fecham em direção a mim. A vida de um homem só pode crescer até um certo ponto num lugar como este".

"Peixe Grande" provoca alegria e lágrimas pela maneira fantasiosa, tocante e sensível como é conduzido. Um belíssimo filme para ser apreciado com carinho.


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