A que gênero pertenceria ''Os Esquecidos''? Para quem não abre mão das surpresas que os filmes reservam, achando que no custo do ingresso está acondicionado um elemento manipulador indispensável, esta pode ser a produção do ano.
Por isso fica um tanto mais complicado abordar este ''The Forgotten'', de Joseph Ruben, que tem como inegável atração a presença sempre estimulante de Julianne Moore. O resto é firula. Bem feita como sempre, mas firula.
Ela é Telly Paretta. Após um longo período de terapia, não conseguiu ainda se recompor da perda do filho que morreu há ano e meio em acidente aéreo.
Leia mais:
Das estrelas ao fundo do mar: confira as estreias nas telonas neste mês de maio
Trailer de nova animação Disney traz Buzz Lightyear com a voz de Marcos Mion
Filme Kingsman 2 - O Círculo Dourado tenta repetir sucesso
Nova série do Star Trek mostra a luta pela paz no mundo
Mas o drama passa a ser ainda mais doloroso quando seu analista lhe diz que aquele filho nunca existiu. Isso mesmo, o garoto foi fruto de sua imaginação.
Ela estaria sofrendo de sérios problemas mentais, que a fizeram primeiro ''criar'', depois ''eliminar'' o menino. Mas Telly é Julianne Moore, e se ela está naquele papel não é para amolecer, e sim conferir a credibilidade que espectador sabe que pode esperar dela.
Uma decidida reação. Ela não acredita em nada daquilo, mesmo quando o marido (Anthony Edwards) e a amiga (Jéssica Hetch) confirmam a teoria do psiquiatra. E começa uma estranha investigação para descobrir a verdade, que afinal pode colocar em perigo sua vida.
Aquilo que de início parecia um drama existencial-emocional pungente e honesto sobre a dor e o deslocamento causados pela perda irreparável aos poucos cede lugar ao mistério, que caminha razoavelmente por algum tempo.
Mas lógica e credibilidade, que seriam aqui gêneros de primeira necessidade, estão em falta. E tudo se encaminha para uma resolução final insatisfatória, especialmente em razão da progressão elaborada e bizantina da trama.
Alguns momentos que pretendem o status de terror resultam hilariantes, e a direção de Ruben (''Dormindo com o Inimigo''), entre tímida e indecisa, hesita sobre que tom adotar.
Se você estiver num momento de generosidade, é até provável que seja tentado a considerar ''Os Esquecidos'' uma variante cover de ''Contatos Imediatos de Terceiro Grau'' , abstraído aquele sentido de maravilha e otimismo injetado por Steven Spielberg no clássico de 1977.
Mas Ruben, que está anos-luz de Spielberg, prefere a tática do susto rasteiro e do arrepio barato. Só Julianne Moore, com seu olhar caidaço, voz insegura e linguagem corporal meio insana, consegue manter o filme em terra vivendo com convicção a mãe que sabe que um dia deu à luz de fato.