Nicole Kidman e Sean Penn são estrelas indiscutíveis e têm um Oscar cada um. O veterano Sidney Pollack contabiliza ao todo 46 candidaturas à estatueta espalhadas pelos quase vinte filmes de sua carreira como melhor diretor levou a dele, pelo enorme sucesso romântico que foi ''Entre Dois Amores'', realizado em 1985.
Mas sem dúvida a vedete maior de ''A Intérprete'', o thriller de suspense com algum peso político que estreou simultaneamente nos Estados Unidos e no Brasil, são as instalações da Organização das Nações Unidas, em Nova York, cenário principal do filme.
No argumento, Nicole faz a sul-africana Silvia, intérprete que descobre por acaso um complô para eliminar o ditador de um país africano nas dependências do prédio da ONU. Penn é o agente de segurança que se envolve com ela a fim de descobrir e tentar neutralizar a trama.
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O feito de Pollack é sem dúvida histórico, principalmente nesses tempos de paranóia à flor da pele como forte efeito residual do 11 de setembro.
De início, o diretor tinha decidido filmar os interiores em estúdio, mas arriscou uma consulta direta, em nenhum momento escondendo o propósito: o filme não era um documentário, o que até poderia facilitar as coisas, mas uma grande produção hollywoodiana que tinha a ONU como locação principal.
Colocado o pedido nesses termos, o resultado da conversa com o Secretário-Geral Kofi Annan foi positivo ele conseguiu a aprovação dos 15 representantes do Conselho de Segurança e a permissão foi afinal concedida.
As filmagens foram feitas em fins de semana e à noite, quando a sede não estava em funcionamento. O acesso foi completo, e foram utilizados 600 extras.
E embora a ONU não tenha aceitado pagamento por ser uma entidade não comercial, a produção arcou com toda e qualquer despesa proveniente de eventual desgaste ou dano causado pela equipe técnica numerosa. Outra condição foi um nome fictício para o país africano, Matobo, com um idioma também inventado para não ferir suscetibilidades.
A façanha do diretor Sidney Pollack ganha ainda mais relevância quando se recorda que em 1959 Alfred Hitchcock, já respeitadíssimo e em pleno gozo de merecida fama, não obteve permissão para rodar cenas vitais de ''Intriga Internacional'' no mesmo prédio. Naquela ocasião, o diretor inglês teve que se contentar com alguns planos exteriores, a reconstrução em estúdio da sala de espera e algumas cenas ''roubadas'' no interior do edifício por uma câmera oculta.