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"O Plano Perfeito" traz um Spike Lee comercial, mas bom

Carlos Eduardo Lourenço Jorge - Folha de Londrina
24 mar 2006 às 17:25

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- Divulgação
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Até surgir este ''Plano Perfeito'' parecia impossível ver o engajado Spike Lee em recorte de entretenimento mais comercial. Mas depois do insucesso de bilheteria do excelente ''25 Hora'' e do subestimado ''Sha Hate Me'', Lee toma caminhos mais populares com este drama de polícia e ladrão, este thriller que tem, entre outros apelos, um elenco encabeçado por Denzel Washington, Clive Owen e Jodie Foster, um roteiro compacto e bem urdido e uma produção que sabe calibrar bem os itens anteriores.

Este é um argumento que qualquer diretor com trânsito no gênero gosta de receber, e mesmo Lee, que transita em outra sintonia, deve ter gostado. Tanto é que fez um filme redondo com elementos clássicos: roubo de banco com reféns e corrupção estilo Nova York, lembrando com alguma nostalgia histórias filmadas nos anos 1970. Mas como se trata de um diretor atrevido e nunca parece acomodado, ''The Inside Man'' termina falando sobre coisas sobre a atual cultura dos Estados Unidos.

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Sem chegar às últimas consequências, ''Plano Perfeito'' é uma espécie de anti-''Crash''. Em última análise, embora sem as colisões raciais do ganhador do Oscar de melhor filme, aqui não se ignora também a enorme diversidade cultural e racial de NY, e por extensão da América.

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Uma quadrilha - três homens e uma mulher disfarçados de pintores - toma de assalto um banco em Manhattan e faz 50 reféns. Chega a polícia, à frente o negociador Frazier (Denzel Washington), sob pesada nuvem de corrupção. Começa o cerco. E aí nada é o que se espera, nem para um assalto a banco e nem para um assalto a banco no cinema. O chefe da quadrilha, Dalton (Clive Owen), parece o vilão trash de Alan Rickman em ''Duro de Matar'', mas difere como alguém cool, sempre no controle da situação.


Há um personagem que confunde mais as coisas, além dos reféns obrigados a usar roupas e máscaras dos ladrões a fim de confundir a polícia - aliás, esta é a idéia principal destilada ao longo do filme: por trás da máscara, todos se parecem. É o banqueiro Arthur (Christopher Plummer), mais antenado em certos itens do cofre forte do que na vida dos reféns. Por isso ele contrata a amoral Madeline (Jodie Foster) para fazer delicadas negociações com o prefeito de NY, o policial e o ladrão a fim de proteger seus ''interesses''.

Lee é astuto na direção, e sabe como orquestrar uma tensão crescente, desenvolvendo bem seus personagens ao longo da narrativa. Recebe boa ajuda da trilha sonora de Terence Blanchard, quase um personagem com vida própria, e da fotografia funcional, de cores queimadas, saturadas, que deixam as coisas meio irreais.


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