Estreias

O lado cômico de Nicolas Cage

02 dez 2000 às 19:26
O sobrinho do diretor Francis Ford Coppola - ele detesta ser reconhecido como tal - voltou num filme fora de seus padrões. Nicolas Cage (60 Segundos) deixou o drama e a ação de lado para trabalhar numa comédia onde tudo o que se quer provar é que o espírito de Natal é capaz de derreter até os corações mais gélidos.
Jack Campell (Nicolas Cage), de é um sujeito frio e calculista. Profissão: presidente de uma grande empresa em Wall Street. Mulheres: todas e nenhuma. Roupas: ternos de mais de 2 mil dólares. Música: as cantadas por Pavarotti. Não dispensa luvas de pelica. O cara não tem cachorro, nem família. É um workaholic e se acha o mais feliz e completo dos seres humanos. Como ele conseguiu chegar ao fundo do poço? Trocou uma vida familiar e normalzinha ao lado da amada namorada de faculdade, Kate (Téo Leoni, de Impacto Profundo), por um curso em Londres e voltou para trabalhar no mercado financeiro. A namorada? Ele nunca mais viu. Até que na noite de Natal um cara muito intrigante aparece e muda sua vida. Jack vai dormir e acorda no dia seguinte ao lado de Kate. Além de tê-la como esposa, ele tem dois filhos, trabalha como vendedor numa loja de pneus e adora boliche. É outra pessoa.
A situação é ultrajante para o egoísta Jack. Desesperado, ele descobre que seu subalterno ocupa o lugar dele na empresa onde trabalhava. O porteiro do luxusos prédio onde morava nem sequer o reconhece. Bem, Jack tem que encarar a nova situação com direito a trocar fraldas sujas de neném e passear com o cachorro. Apesar dos contratempos, ele passa a acreditar que a vidinha de pai de família tem até um lado bom. E está lá nosso homem que aprendeu uma lição de vida, blá-blá-blá...
O roteiro é de Davis Diamond e David Weissman, com poucos filmes na carreira, dois deles (Evolution e Guam Goes to the Moon, escritos também em conjunto) estão em fase de produção. A direção não é um espetáculo, mas também não deixa a desejar. O bom trabalho foi feito por Brett Ratner (A Hora do Rush e A Hora do Rush 2, que ainda não estreou por aqui), com experiência em produções desse estilo.
Um Homem de Família não é um grande motivador para gargalhadas, mas tem sua graça. Nicolas Cage faz um esforço para parecer engraçado, mas o Jack executivo e sério combina mais com ele. As risadas sobram mesmo para as situações onde o protagonista se meteu. O filme é próprio para a sala escura, onde a interpretação é livre e fica a gosto do cliente. Jack viveu aquilo mesmo? Para acreditar, lança-se mão da imaginação. Se você preferir, pode encarar o susto de vida do homem como um sonho. Um filme de nível médio. Não é imperdível, mas recomendável. Ainda que seja um tanto longo, mais de duas horas. Aproveite!

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