As revistas especializadas em baixarias no reino dos socialites periféricos informam, sem nenhum pudor: substituição no intervalo do primeiro para o segundo escândalo.
Sai das manchetes o casal Ronaldo/Daniela Ciccarelli, entram Brad Pitt/Angelina Jolie. Pelo menos a ficção vivida na tela por esses últimos parece menos chinfrim que a inclassificável superprodução ao vivo daqueles outros (seria também ficção?).
De qualquer maneira, o que temos é mais uma manobra de marketing - ou alguém ainda acredita na fábula dos ôpoucos, mas melhores momentos de nossas vidas? - orquestrada com o habitual e desprezível ruído que invade todo e qualquer espaço à nossa volta. Daqui a algum tempo, Pitt & Jolie devem estar azucrinando outra freguesia.
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A moda parece que vai engrenar: abrir o lançamento simultâneo dentro do maior raio de alcance internacional possível, evitando assim maiores danos com a desenfreada gatunagem da multiplicação em série via DVD.
Em vista desta precaução, a estréia de ''Sr.& Sra Smith'' quebra o hábito e estréia em uma quinta-feira não só no Brasil, mas ainda em boa parte dos hemisférios ocidental e oriental (nos EUA o público só começa a ver o filme um dia depois).
E, claro, ao lado desta medida preservacionista que também incrementa o interesse do público, o novelão triangular que envolveu Pitt, Jolie e a muito vitimizada Jennifer Aniston rendeu quilômetros de impressos e muita ocupação virtual.
Por conta da fermentação midiática, esta comédia, misto de romance, sátira e ação, se colocou entre os mais esperados lançamentos da recente ''retomada'' financeira de Hollywood, depois de um pasto repleto de vacas magras - esvaziado quando Darth Vader trouxe o sétimo da cavalaria galáctica até a boca do caixa.
O casal do título está junto há cinco modorrentos anos. O que eles não sabem é que cada um é exímio assassino profissional trabalhando para empresários-adversários atuando no ramo. Enquanto cada um por si, tudo bem. Mas o sr. e a sra. Smith recebem como próximas tarefas liquidar um ao outro (alguém já se esqueceu de ''A Honra do Poderoso Prizzi?'' Ou de ''A Guerra dos Roses?'' Pois não deveria.)
Com este ponto de partida, o filme de Doug Lyman (40 anos, com uma curta mas muito interessante folha corrida) procura mostrar, em tom de sátira frequentemente violenta, os problemas de uma relação conjugal, especialmente a comunicação quase inexistente.
Quando a ação explode, a comunicação - e o sexo - reaparecem de forma espetacular. Lyman se aproveita das triviais perseguições e dos reiterados tiroteios para focalizar a relação do casal. E parte para um verdadeiro exercício de demolição do que se poderia chamar de a imagem ideal de um par conjugal.
Não chega a ser uma completa metáfora sobre o casamento, mas o esforço da direção até que compensa os excessos de fuzilaria quando o filme se aproxima do final. O roteiro abriga quantidade razoável de diálogos e observações quase hilárias sobre um certo estilo de vida suburbano muito americano.
Enfim, um filme a demonstrar inclusive que Brad Pitt & Angelina Jolie, independente de qualquer performance extra-cena, são dois bons intérpretes, tanto quando disparam suas falas quando suas armas de fogo.