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'O Dia Depois de Amanhã' é lançado mundialmente

Rodrigo Juste Duarte
27 mai 2004 às 17:24

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Furacões em Los Angeles e uma onda gigante em Nova Iorque: visão do fim do mundo - Divulgação
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A julgar pelos filmes anteriores do diretor Roland Emmerich - 'Independence Day' (1996) e 'Godzilla' (1998) - imagina-se que 'O Dia Depois de Amanhã' seja uma superprodução do cinema-catástrofe com grandiosas cenas de destruição, mas que apresenta uma história de fundo fraquinha, boba e descartável. Bingo!

Em seu novo trabalho, o diretor utilizou muito bem os mais de 100 milhões de dólares orçados para brincar de Bin Laden e acabar não só com Nova Iorque mas também com Los Angeles e todo o restante dos Estados Unidos.

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Brincadeiras à parte, 'O Dia Depois de Amanhã' pode ser, à primeira vista, um filme de puro entretenimento. No entanto ele dá belas alfinetadas no governo de George W. Bush e na mentalidade imperialista norte-americana. A crítica mais visível é quanto à política ambiental.

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Uma das primeiras cenas mostra uma reunião da ONU em que um cientista americano (Dennis Quaid, canastrão pra variar) explica que a queima de petróleo, entre outras formas de exploração dos recursos naturais do planeta, está provocando um aquecimento global. Como conseqüências, as calotas polares estão derretendo e as correntes marítimas estão se desorganizando, trazendo graves problemas climáticos.

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Os representantes do governo árabe entendem o problema e querem cooperar para melhorar este panorama. Já o vice-presidente americano acha tudo tolice e ignora o assunto. Mas ele mudará de idéia dias depois quando uma catástrofe climática (que chega bem mais cedo que o esperado) se abater sobre o planeta.


Nesta visão de fim de mundo estão as melhores cenas do filme, que fazem valer o ingresso: furacões múltiplos arrasam Los Angeles; uma tempestade furiosa inunda Nova Iorque, seguida de uma onda gigante que literalmente varre as ruas da cidade; chuvas de granizo gigante colocam Tóquio em caos, entre outras amenidades climáticas.

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Após tudo isso, a temperatura vai esfriar absurdamente, iniciando uma nova era glacial. No entanto o congelamento ocorre apenas no Hemisfério Norte. Graças a isso, o Hemisfério Sul, em sua maior parte formada por países subdesenvolvidos, receberá uma enorme onda migratória de norte-americanos.


Esta inversão social gera uma cena muito cômica do filme que mostra os mexicanos fechando suas fronteiras para conter a imigração ilegal. O governo dos Estados Unidos propõe o perdão da dívida externa aos países latinos para que eles abram suas fronteiras e recebam seu povo outrora intolerante para com os 'cucarachas' e demais 'hermanos'.

Mas nem por isso os cidadãos nascidos nos Estados Unidos deixam sua arrogância de lado. É só perceber que durante o filme sempre se fala que o mundo entrará na nova era glacial. Mas espere aí! Não é o mundo todo que congela no filme, mas sim os Estados Unidos, Canadá, Europa e Ásia. Então isso quer dizer que o restante não é considerado mundo? OK, muito obrigado, ianques! Bela maneira de tratar a terra que os recebe para salvá-los da catástrofe. Aí está mais uma bela alfinetada do espirituoso diretor, que é um alemão, mostrando que - chova ou faça sol - os estadunidenses não mudam.


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