Para todos os gostos
Nos primeiros 40,45 minutos, parece que a comédia negra ‘Beautiful People’ não vai chegar a lugar nenhum. Então alguma coisa acontece e transforma este filme sobre pessoas ordinárias em obra extraordinária. O caos da guerra na Bósnia e o caos na vida doméstica de Londres subitamente se cruzam para alegria de um dos personagens e também da platéia.
Londres, 1993. A expectativa em torno do jogo de futebol entre as seleções da Holanda e da Inglaterra, em Roterdã, valendo pelas eliminatórias da Copa do Mundo nos Estados Unidos (de onde trouxemos aquele magro tetra...), é o elemento em torno do qual gravitam as diversas e fragmentadas histórias de ‘Beautiful People’. Histórias de refugiados da guerra na Bósnia-Erzegovina e das relações com a terra que os acolheu, a Inglaterra. É o caso do ‘holligan’ Griffin, que acaba dormindo no aeroporto de Roterdã, no container de víveres destinados à a população bósnia. E é com a camiseta de Lineker, o centroavante do Totenham, que ele acaba literalmente caindo em pleno campo de batalha do conflito na ex-Iugoslávia. Há outras figuras relevantes no contexto, como um jornalista escocês correspondente de guerra cobrindo a guerra civil, a mulher dele, artista e negligenciada; um pai perturbado e recém-abandonado pela mulher.
Num vaivém de personagens e situações, em rota de estilo inaugurada e sempre trilhada com a elegância e oportunidade de sempre por Robert Altman (‘Nashville’, ‘Cenas de Um Casamento’, ‘Short Cuts’) e recentemente bem contemplada em ‘Magnólia’, o filme de estréia do Jasmin Dizdar, bósnio de 40 anos radicado em Londres, é uma deliciosa melange de incidentes com o nítido propósito de fazer refletir através do saudável exercício do riso. A vitalidade de ‘Beatiful People’ está estampada já na sequência de abertura: um croata e um sérvio iniciam briga de morte num ônibus em Londres. Feridos, são levados para o hospital, onde retomam a luta.
Com um olhar satírico gentilmente projetado sobre os ingleses, o filme é recheado de incidentes que se cruzam e descruzam. São eles, na verdade, o condimento principal para este argumento – o caos da vida diária, seja lá onde for, e como o acaso acaba sendo fator determinante, seja na paz ou na guerra. O elenco coral inclui atores profissionais e amadores, em graus variados de eficiência. Algumas sequências funcionam melhor que outras, mas a ambição do projeto não poderia prescindir de nenhuma. Não se pode deixar de pensar aqui no cinema de Kusturica, em seus personagens e situações surrealistas, na música que adiciona charme extra à narrativa. É outra boa influência em ‘Beautiful People’. (CELJ)
Londres, 1993. A expectativa em torno do jogo de futebol entre as seleções da Holanda e da Inglaterra, em Roterdã, valendo pelas eliminatórias da Copa do Mundo nos Estados Unidos (de onde trouxemos aquele magro tetra...), é o elemento em torno do qual gravitam as diversas e fragmentadas histórias de ‘Beautiful People’. Histórias de refugiados da guerra na Bósnia-Erzegovina e das relações com a terra que os acolheu, a Inglaterra. É o caso do ‘holligan’ Griffin, que acaba dormindo no aeroporto de Roterdã, no container de víveres destinados à a população bósnia. E é com a camiseta de Lineker, o centroavante do Totenham, que ele acaba literalmente caindo em pleno campo de batalha do conflito na ex-Iugoslávia. Há outras figuras relevantes no contexto, como um jornalista escocês correspondente de guerra cobrindo a guerra civil, a mulher dele, artista e negligenciada; um pai perturbado e recém-abandonado pela mulher.
Num vaivém de personagens e situações, em rota de estilo inaugurada e sempre trilhada com a elegância e oportunidade de sempre por Robert Altman (‘Nashville’, ‘Cenas de Um Casamento’, ‘Short Cuts’) e recentemente bem contemplada em ‘Magnólia’, o filme de estréia do Jasmin Dizdar, bósnio de 40 anos radicado em Londres, é uma deliciosa melange de incidentes com o nítido propósito de fazer refletir através do saudável exercício do riso. A vitalidade de ‘Beatiful People’ está estampada já na sequência de abertura: um croata e um sérvio iniciam briga de morte num ônibus em Londres. Feridos, são levados para o hospital, onde retomam a luta.
Com um olhar satírico gentilmente projetado sobre os ingleses, o filme é recheado de incidentes que se cruzam e descruzam. São eles, na verdade, o condimento principal para este argumento – o caos da vida diária, seja lá onde for, e como o acaso acaba sendo fator determinante, seja na paz ou na guerra. O elenco coral inclui atores profissionais e amadores, em graus variados de eficiência. Algumas sequências funcionam melhor que outras, mas a ambição do projeto não poderia prescindir de nenhuma. Não se pode deixar de pensar aqui no cinema de Kusturica, em seus personagens e situações surrealistas, na música que adiciona charme extra à narrativa. É outra boa influência em ‘Beautiful People’. (CELJ)