Além das habituais considerações sobre argumento, roteiro, direção, personagens e trilha musical, que sempre acompanham o aparecimento de novidades animadas, no caso de ''Nem que a Vaca Tussa'' há outro fator que condiciona o filme à dose extra de atenção.
A própria Disney andou alimentando a versão de que este 44º longa-metragem saído dos estúdios de animação mais famosos da história do cinema poderia ser a última produção desenhada à velha maneira manual, isto é, com papel e tinta como prescreve a melhor tradição artesanal.
Daqui para frente, pressionada por uma concorrência implacável, a Disney se dedicaria a filmes cem por cento gerados por computador na tentativa de recobrar o espaço perdido nos últimos anos para os estúdios Pixar (''Monstros S.A.'', ''Procurando Nemo''), DreamWorks (''Shreks'') e Blue Sky (''A Era do Gelo'').
Ainda que o modelo computadorizado tenha felizmente se beneficiado da inteligência de quem maneja o teclado, não deixa de ser melancólico assistir a ''Nem que a Vaca Tussa'' sob o enfoque de ''último moicano''.
O filme, embora longe das obras-primas da antologia Disney, é aquela agradável, bem-humorada e musical aventura de sempre, típica do selo do castelo encantado e do ratinho pioneiro. A história se passa na tranquila granja leiteira ''Patch of Heaven'' (algo assim como um ''recanto do paraíso''), cuja dona é a simpática e amável Pearl.
Tudo em calma, até a chegada da barulhenta vaca Maggie, atrás de um lugar depois que sua granja foi à bancarrota. Maggie agita o pedaço. Ela e outras vacas decidem ajudar Pearl a pagar a hipoteca da granja, de 750 dólares.
O que fazer? Tentar prender o famoso ladrão de gado Alameda Slim e seu ajudante Wesley, e assim ganhar a recompensa naquele mesmo valor. E quem são os outros protagonistas? A prudente Mrs Calloway, a new age Grace, o coelho Lucky Jack, o frango Audrey, a cabra Jeb e o cavalo Buck que se diz expert em artes marciais.
Bons atores (Steve Buscemi, Cuba Gooding Jr., Randy Quaid, Judi Dench e Roseanne Barr) emprestaram suas vozes para a versão original em inglês, mas no Brasil só há cópias dubladas em português, o que compromete a qualidade do resultado.
As seis canções compostas pelo premiado Alan Menken (''A Pequena Sereia'', ''Aladim'', ''A Bela e a Fera'') são cantadas no original por K.D.Lang e Bonnie Rait, entre outros. Nova perda, nas vozes brasileiras que empobrecem um dos pontos mais interessantes do filme.