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John Constantine: um bruxo a serviço de si próprio

Claudio Yuge
07 mar 2005 às 17:24

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Constantine apareceu pela primeira vez em "Monstro do Pântano", tanto nos EUA quanto no Brasil
- Reprodução
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Curitiba - John Constantine é um cara amargo. Aos 17 anos já havia tido uma dramática experiência com magia negra, que levou todos seus amigos -inclusive os companheiros da banda punk ''à la 77 Sex Pistol'', Mucous Membrane- e uma inocente garotinha ao Inferno. Somente o que restou depois disso foi o braço da menina (ela não conseguiu escapar do fogo e enxofre junto com Constantine), sangue de demônio em suas veias e a maior de todas as lições para um jovem bruxo: nunca convoque uma criatura infernal pelo nome errado, ela não atenderá suas ordens.

Esse pode ser considerado o início da jornada de Constantine, um cara que sempre está na hora errada e no lugar errado, mas sempre acaba salvando o mundo sem ninguém ficar sabendo. Aliás, o que ele quer mesmo é sempre cuidar de sua própria pele, no entanto, isso sempre significa impedir que todos à sua volta sejam destruídos. Sua primeira real aparição aconteceu em 1985, na revista ''Saga of the Swamp Thing nº 37''.

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Baseado no visual do cantor Sting, John Constantine, apareceu como um coadjuvante pra lá de carismático, através de seu pai, Alan Moore: inglês, anti-herói, viciado em cigarro e bebida, cheio de frases azedas, tiradas ácidas e humor negro, com sua camisa e gravatas amassados, e um sobretudo típico dos detetives noir. Constantine foi quem esclareceu ao Monstro do Pântano (até então apenas um cientista transformado em monstro depois de um acidente de laboratório nos pântanos da Lousiana) que ele não era um cientista preso numa criatura vegetal e sim um elemental, um deus da natureza, clamando por liberdade no corpo de um ser humano.

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Melhores momentos

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O personagem caiu nas graças dos leitores e logo ganhou título próprio, ''Hellblazer'', que, juntamente com ''Monstro do Pântano'' e ''Sandman'', deram início ao universo dos quadrinhos adultos da DC Comics, o selo Vertigo. O primeiro arco, ''Original Sins'', é magistralmente escrito por Jamie Delano. Constantine se vê rodeado por um assassino sobrenatural que mata de acordo com os Sete Pecados Capitais (pois é, o roteiro de ''Seven'', de David Fincher, com Brad Pitt e Morgan Freeman, não é assim tão original). O amigo Chas e o bruxo Papa Midnite (Papa Meia-Noite), que fazem uma aparição no longa que chega esta semana aos cinemas, fazem suas primeiras participações na série.


Uma das maiores qualidades de Delano era fazer de Constantine um cara bastante reflexivo, inteligente e sarcástico, porém distraído e muitas vezes vulnerável. Em um dos melhores momentos dessa fase, logo na edição de estréia (Hellblazer nª1, de 1988, publicado no Brasil pela Editora Abril, em dezembro de 1990, em ''Monstro do Pântano'' nº 12), o roteirista dá uma aula ao cadenciar sua história de acordo com o batimento de um coração. Ao passo que o leitor vira as páginas, a ação vai ficando cada vez mais frenética até o ''infarto'', a derradeira conclusão da primeira revista. Intrigante, no mínimo.

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A fase mais lembrada do personagem talvez seja a que teve a conclusão mais chocante. Em ''Hábitos Perigosos'', do roteirista Garth "Gore" Ennis, que inspira boa parte da trama do filme, Constantine está morrendo devido a um câncer de pulmão. Seu médico afirma que ele tem pouco tempo de vida e, devido ao sangue de demônio em suas veias, não há cura para sua doença. Ele parte então em busca de ajuda de gente como o esnobe arcanjo Gabriel, um amigo que está morrendo de cirrose e até uma sucubus que ajudou a escapar do Inferno porque engravidou de um anjo. Sem receber o auxílio que necessitava, vendeu a alma a dois dos três senhores que governam o Inferno, Belzebu e Azazel. Em seguida, cortou os pulsos. Quando o Satanás chegou para reclamar seu espírito, começou a disputa de Belzebu e Azazel pelo inglês.


Constantine, então, deu uma sugestão: como nenhum dos três daria o braço a torcer e uma briga iria dar ao Céu a tão sonhada vitória, eles teriam que curá-lo até encontrar uma solução. E, a muito contragosto, acabaram acatando essa idéia. O inglês, com a vida renovada, deixou então apenas o ''dedo do meio'' para o trio infernal. De acordo com quem viu o filme, a conclusão não é a mesma mas os produtores encontraram uma solução tão boa quanto esta para a questão.

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Outro momento empolgante é sua participação em ''Livros da Magia'', a minissérie que deu origem à revista mensal homônima e fonte de onde a criadora de Harry Potter copiou descaradamente o personagem principal. Tim Hunter, um jovem saudável e inocente, pode ser o maior mago de nossa época. Cabe à ''Brigada dos Encapotados'', grupo de bruxos que lutam contra as forças negras da magia, a missão de ensinar o garoto os caminhos para controlar seus dons. E, futuramente, escolher um lado para lutar.


A ''Brigada dos Encapotados'' é formada por gente estranha e poderosa, como Mister E, Phantom Stranger, Dr. Occult e o próprio Constantine (que adora tirar sarro de si mesmo e de sua ''equipe'' de ocultistas). Em uma das sequências antológicas dos quadrinhos, Hunter e a bruxa Zatanna estão rodeados por vampiros, bruxos, demônios, fantasmas e outras aberrações em um grande salão. No momento em que todos avançam sobre o menino, ouve-se o estalo de um fósforo em combustão e vê-se a figura de Constantine da porta. Sua fama o precede (ele derrotou o Lorde do Inferno mais de uma vez) e, portanto, todos deixam Hunter e Zatanna em paz.

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Oscar de Coadjuvante


O personagem é também um dos mais procurados pelos escritores de outras revistas do selo Vertigo, já que Constantine consegue transitar facilmente por qualquer tipo de história que envolva magia, horror e o sobrenatural. Além de ''Monstro do Pântano'', e ''Livros da Magia'', ele também teve importante participação em ''Sandman'', de Neil Gaiman.

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Depois de tanta consagração, o personagem finalmente acaba ganhando uma versão cinematográfica, com a polêmica escalação de Keanu Reeves para seu papel (Reeves sequer é inglês e não se parece nada com Sting). É bom lembrar que ''Coração Satânico'', com Robert de Niro e Mickey Rourke (esse sim parecia um pouco com Constantine), é considerada uma versão que poderia estar nas páginas de Hellblazer.


No Brasil...

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''Hellblazer'' sofreu no Brasil com a censura no começo dos anos 90, quando a Abril trouxe o arco ''Hábitos Perigosos'' para o Brasil. À época, alguém da direção não teria gostado de um dos demônios (Azazel, o transmorfo) ter se transfigurado em Jesus Cristo, enquanto Constantine tentava o suicídio. ''Vertigo'', que reunia material de Hellblazer e ''Sandman Mistery Theatre'', acabou tendo então vida curta, apenas 12 edições.


Os leitores voltaram a se manifestar e muitas editoras assumiram, com certa imprudência e falta de responsabilidade, a publicação de toda a série no Brasil. Hellblazer passou pela Abril, Tudo em Quadrinhos, Metal Pesado, Atitude, Fractal e morreu no ano passado, com a falência da Brainstore. Até o momento ninguém ainda anunciou sequer uma adaptação do filme que chega aos cinemas. O negócio então, é visitar os sebos e ir aos cinemas, tentando também esquecer que é Keanu ''Neo'' Reeves quem encarna o personagem.


Bibliografia brasileira recomendada:


- "Hábitos Perigosos", publicado pela Editora Abril, nas edições "Vertigo" de #1 a #3, entre março e maio de 1995


- "Hellblazer - Pecados Originais", originalmente publicado em "Monstro do Pântano" (edições #12 a #17, de dezembro de 90 a maio de 91), pela editora Abril. Em 2003 foi republicado pela editora Brainstore, em uma edição que reúne as oito primeiras histórias do personagem


- "Sandman #3", publicado pela editora Globo, em janeiro de 1990


- "Livros da Magia #2", minissérie publicada pela Editora Abril em 1991 e republicada pela Opera Graphica em 2002


- "A Horrorista", publicado pela editora Tudo em Quadrinhos, nas edições "Hellblazer Especial" #2 e #3, entre março e abril de 1999

Música+Quadrinhos: Portishead+Hellblazer


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