A marca registrada não é tão evidente quanto Marvel ou DC, mas nas duas últimas décadas a Dark Horse firmou-se como uma das mais importantes editoras de comics. Mandamento número um da empresa: respeitar os direitos dos criadores. Esta regra rígida, embora por razões óbvias impondo limites à circulação e visibilidade dos produtos, acabou por atrair alguns dos maiores talentos contemporâneos, em fuga de uma indústria voraz que muitas vezes dilui o trabalho em nome do lucro. Os personagens do catálogo Dark Horse, portanto, estão muito distantes em termos de venda de blockbusters como Spiderman ou X-Men.
Um desses personagens é Hellboy, que chega às salas brasileiras a partir de hoje (veja a programação de cinema na página 2), com direito a pré-lançamento nacional ancorado ao vivo em São Paulo pelo intérprete principal, Ron Perlman um achado para viver esta criação saída do traço incomum e intrigante do desenhista Mike Mignola, que via de regra mergulha fundo na fantasia e na ficção científica. Lançado no início da década de 1990, o mundo delirante de Hellboy surpreendeu logo de cara pela conjugação de elementos. Teorias conspiratórias, intrigas internacionais, humor negro e uma galeria de seres, principais ou periféricos, sempre além do limite da bizarria. Tudo isso está neste ''Hellboy'', bem-sucedida aposta na diversidade de seres ''quadrinizados'' adaptáveis ao cinema.
A cabeça de Mignola funciona a mil, acreditem. Nascido nas chamas do inferno durante a Segunda Guerra Mundial, o temível herói Hellboy chega ao nosso mundo através de um ritual pagão. É salvo dos soldados de Hitler pelo protetor, Dr. Broom (John Hurt), e passa a trabalhar no Laboratório para Pesquisa e Defesa Paranormal, ao lado de um grupo também com características especiais, mais ou menos na linha X-Men. A notícia de que Rasputin (ele mesmo, o monge maluco da corte do Czar Nicolau II) não só está vivo como quer liquidar a humanidade deixa esta turma em alerta máximo.
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O diretor Guillermo del Toro, claro, leva a coisa em ritmo de entretenimento puro, e o entusiasmo acaba repetindo o equívoco de seu filme anterior, ''Blade II'': muita parafernália visual para excessiva superficialidade de roteiro. Debilidade, aliás, que Hollywood entrega por atacado. Mas a fidelidade gráfica ao nicho de Mignola e uma certa energia são pontos positivos.