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"Harry Potter e a Ordem da Fênix" muda o foco da série

Carlos Eduardo Lourenço Jorge - Folha de Londrina
13 jul 2007 às 10:48

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- Divulgação
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A seita de adoradores da coletânea Harry Potter - livros e imagens - vai com certeza encontrar considerável número de itens a saborear em ''Harry Potter e a Ordem da Fênix'', já em exibição em toda a extensão terrestre do planeta.

Mas aquele espectador sem intimidade ou sem maior afetividade com o universo de Hogwarts e imediações londrinas, apenas esperando ver um filme que aconteça por si só, vai encontrar somente uma narrativa com alguns momentos agradáveis, uma ou outra performance relevante e um argumento entrecortado por curvas e atalhos desnecessários.

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Tudo depende da perspectiva: visto somente como um filme, ele tem lá suas limitações e estreitezas, mas como ajuda visual para a experiência de ler um livro, esta nova entrega cumpre bem a missão.

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A trama se beneficia da maturação fisionômica do ator Daniel Radcliffe, agora em plena capacidade de oferecer sofisticada vida interior ao jovem Harry. Este é - os seguidores da série conhecem bem a saga - um personagem com sofrimentos de sobra. E quando Radcliffe era um ator-criança, ele podia apenas simular. Agora não. Ele obviamente cresceu, como gente e como ator. Agora ele pode, na plenitude hormonal dos 15 anos, não somente incorporar as dores, mas senti-las e demonstrá-las.

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Além de treinar o beijo que aplica na coleguinha Cho Chang, o rapaz andou estudando, e demonstra bem o aprendizado - sua atuação no ''Equus'' de Peter Schaeffer, em cartaz em Londres, com certeza deu-lhe estofo para aprofundar Harry Potter.


Só para não dizer que não falei sobre trama, argumento, história, estas indispensáveis armações que entregam princípio, meio e final a uma platéia submissa aos cânones da narrativa ortodoxa. Harry está de volta a Hogwarts para seu quinto ano de estudos de bruxedos, mas não sem antes, fora da escola, usar seus poderes mágicos (e proibidos, o que quase lhe custa uma expulsão). Bom de ''mágica'' retórica, ele se sai bem da embrulhada.

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Harry descobre que boa parcela da comunidade feiticeira da escola não está nem aí com a notícia de que Lorde Voldemort (Ralph Fiennes) anda de novo pelas imediações, formando um exército de seres malignos para exterminar o herói, como se sabe o único com poderes para enfrentar e destruir o mal.


Mas há a facção do bem, a tal Ordem da Fênix, formada por magos e simpatizantes para combater o arquivilão Voldemort. Aventuras se sucedem, algumas confusas, outras mais claras, e quem quiser outros detalhes que pague seu tributo e engrosse a bilheteria, com certeza uma das maiores de 2007.

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De volta aos encargos da crítica. Não se pode negar: qualquer filme que tenha ao ator Michael Gambon (Alvus Dumbledore, ''reitor'' de Hogwarts) andando por aí com aquela estranha barba decorada não pode ser ruim. O mesmo pode ser dito de uma dramaturgia que dê a Ralph Fiennes a cara de quem acabou de conversar com cirurgião plástico de Michael Jackson.


''A Ordem da Fênix'' é muito bom para quem gosta de vilania à inglesa, porque, além de Fiennes, o glacial Jason Isaacs na pele de Lucius, Imelda Staunton como a pérfida Dolores Umbridge e Alan Rickman como o velho Professor Snape são ótimos de malvadeza. Na verdade, Rickman está aqui interpretando um bom caráter, mas felizmente parece que alguém da produção esqueceu de dizer isto a ele.


Também conta a favor do filme, como sempre, a magnitude visual, sempre um passo adiante da representação realística, com satisfatório rendimento artístico e estético. Esta extravagância é sempre conveniente para disfarçar a anorexia da história e os furos de roteiro. Estréiam aqui o inexperiente diretor David Yates, o roteirista Michael Goldenberg - que substitui com perdas evidentes o habitual Steve Kloves - e o compositor Nicholas Hooper De John Williams só restou uma longínqua reminiscência.

A inexperiência deste novo time parece afinal a pedra de toque para justificar alguns percalços ao longo do caminho. Nada, no entanto, que fragilize ''A Ordem da Fênix'' a ponto de não recomendá-lo. Especialmente aos pottermaníacos, tanto leitores quanto cinéfilos.


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