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Exorcizando as Forças do Mal

Andrea Nunes
02 jan 2001 às 11:23

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Maya (Winona Ryder) e Peter (Ben Chaplin) -
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De O Exorcista a Filha da Luz, passando por inúmeras produções do gênero como os recentes Stigmata e Fim dos Dias, o estreante diretor polonês Janusz Kaminski emprestou um pouquinho de cada um deles para criar Dominação, mas não consegue surgir com algum conceito original.
Winona Ryder (de Outono em Nova Iorque) interpreta Maya Larkin, o estereótipo da moçinha com a alma perturbada que arrisca tudo para salvar a humanidade do poder maligno de Satã. Claro, ninguém acredita nela, o que transforma sua missão em uma tarefa muito mais árdua. Ela deve convencer Peter Kelson (Ben Chaplin, de Além da Linha Vermelha), um escritor de sucesso, de que ele é alvo de uma conspiração religiosa que permite ao Anti-Cristo circular na Terra sob a forma humana.
O enredo é uma bagunça só, cheio de furos. Se o Diabo encarnado será o Todo-Poderoso, porque então que depois do momento estabelecido (às 16h55) para a ocupação do corpo humano, uma única bala na cabeça foi o bastante para acabar com a raça do satanás? Sempre se imaginou que ele fosse muito mais poderoso que isso...
Sem uma sincronia entre história e direção, o ritmo do filme é afetado, parecendo até que foi editado e reeditado várias vezes. Existem muitas pistas que não são seguidas até o fim e o quebra-cabeça acaba nunca sendo finalizado. Além disso, muitas pequenas histórias foram apresentadas, mas nunca enfatizadas.
A atmosfera é escura e sombria, mas não causa um arrepio só. O diretor apostou em um desenvolvimento mais lento, sem apelar para sangue ou extrema violência. O problema é que ele não soube dar profundidade à áurea de sutileza e simplicidade que quis imprimir aqui. A obsessão pelo estilo, uma vez que Kaminski tem mais experiência em direção de fotografia (O Resgate do Soldado Ryan, Amistad, Colcha de Retalhos e A Lista de Schindler), levou a trama à uma falta de densidade no conteúdo.
Acontecimentos estranhos ocorrem sem explicação, os personagens falam de coisas que os espectadores não conhecem e/ou nunca chegarão a conhecer e o filme todo acaba se tornando algo confuso, sem sentido, um desapontamento. A conclusão foi fraca e teria sido muito mais convincente se tivesse se estendido por pelo menos mais 20 minutos. O final foi exatamente isso, o final. Não há resolução, só uma pausa.
Não só não houve desenvolvimento dos personagens, como a atuação de um modo geral foi muito ruim. Nem mesmo uma atriz com o calibre que tem Winona Ryder foi capaz de levar o filme nas costas. Sua performance não deixa a desejar, na verdade ela dá o máximo de si, mas não consegue salvar Dominação de ser apenas mais uma produção medíocre. Já seu colega de profissão, Ben Chaplin, deixou bem claro em declarações à imprensa que não teria participado do filme, não fosse a insistência de Ryder.
As poucas - se não forem as duas únicas - qualidades do filme são a fotografia visionária e a interpretação de Philip Baker Hall (de Regras do Jogo), um ator fenomenal, para o papel de James, o tio de Peter Kelson. Com poucos momentos de tensão e medo e um roteiro fragmentado, Dominação não chega a ser um desastre cinematográfico, mas também não traz nada de novo para o público. Acredite, você já viu esta história muitas vezes antes.
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