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'Desejo e Reparação' traz boa história em produção irregular

Catarina Scortecci - Folha de Londrina
24 jan 2008 às 15:56

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Em ''Desejo e Reparação'', a atriz Kiera Knightley interpreta Cecilia, a irmã mais velha da ''imaginativa'' Briony - Divulgação
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O épico ''Desejo e Reparação'' é daqueles filmes cujo mote é bom, tem uma atrativa ''roupagem'' e quase todas os requisitos para sair vencedor do Oscar (o que nem sempre é garantia de qualidade, obviamente), mas, acredite, é bastante superestimado. Em cartaz nos cinemas de Curitiba, ''Desejo e Reparação'' já venceu na recente edição do Globo de Ouro (melhor filme na categoria drama), e deve seguir agradando a maioria.

O filme é do diretor Joe Wright, o mesmo do também épico (e também superestimado) ''Orgulho e Preconceito'' (2005). Mas há uma diferença crucial entre as duas produções. No filme mais recente, ao optar por levar às telas uma obra como ''Reparação'', do escritor Ian McEwan (considerado um dos principais autores ingleses da atualidade), Wright já ganha logo de saída o que falta a outros tantos épicos pretensiosos por aí: uma boa história, sobre as consequências dos nossos erros.

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Em ''Desejo e Reparação'', Briony (a atriz Saoirse Ronan), então com 13 anos e aspirante a escritora, acaba acusando o filho do caseiro e amante da sua irmã mais velha de um crime que ele não cometeu. O erro e a complexidade da relação entre realidade, desejo e ficção só são ''percebidos'' por Briony anos depois. Basicamente, a história trata da responsabilidade sobre os nossos atos e ''não-atos'' (nem sempre conscientes, mas nem por isso aparentemente ''perdoados''), cujas consequências às vezes carregamos até o fim da vida.

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A história por si só, portanto, já vale o ingresso, mas ela obviamente não é fácil de ser colocada na telona. Wright consegue contá-la sem cair na pura dramaticidade, o que é positivo, mas o filme é bastante irregular. A impressão que passa ao espectador é que nem todas as cenas fazem parte da mesma produção. Excesso de altos e baixos. O chato ''Orgulho e Preconceito'', baseado numa das obras de Jane Austen (que viveu entre 1775 e 1817 e também é autora de ''Razão e Sensibilidade'', levada às telonas em 1995 por Ang Lee), nem contava uma história tão interessante quanto a escrita por McEwan, mas era, ao menos, coeso.

Destaque para a atuação excepcional da menina Saoirse Ronane e também da atriz Romola Garai, que faz Briony aos 18 anos. O ator James McAvoy (que já havia chamado atenção em ''O Rei da Escócia'') interpreta Robbie, o filho do caseiro, e também se sai bem na produção. Já no papel da irmã mais velha de Briony está a atriz Kiera Knightley, protagonista de ''Orgulho e Preconceito'', rosto conhecido nas telonas pelos três ''Piratas do Caribe'', e cuja atuação deverá ser tão superestimada quanto a qualidade do filme de Wright.


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