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"Crimes de Autor" mostra-se um filme francês sob (má) influência americana

Catarina Scortecci - Folha de Londrina
22 nov 2007 às 10:53

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Carisma dos atores Dominique Pinon e Audrey Dana (no papel da impulsiva Huguette) segura a produção francesa até o final - Divulgação
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Até a metade do francês ''Crimes de Autor'' (103 min.), em cartaz nos cinemas de Curitiba, o personagem central da trama, vivido pelo ator Dominique Pinon, pode ser um professor do subúrbio que abandona a família, um serial killer que faz números de mágica para atrair suas vítimas (crianças) ou um ghost-writer de uma escritora famosa.

O personagem de Pinon, mágico exímio, dirige um carro na estrada como se estivesse fugindo de uma vida acomodada. Em outros momentos, parece buscar inspiração para escrever o próximo romance da escritora de best-sellers. Entre uma possibilidade e outra, ele ainda finge ser um médico que está prestes a casar, mas já sob o olhar cúmplice do espectador.

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A boa idéia do roteiro está aí, e a tensão gerada quando o espectador percebe a ''brincadeira'' é criada de maneira habilidosa pelo diretor Claude Lelouch (que também assina o roteiro). E Pinon, rosto conhecido em filmes do francês Jean-Pierre Jeunet (Pinon está em ''O fabuloso destino de Amélie Poulain'', ''Ladrão de sonhos'' e ''Delicatessen''), está perfeito no(s) papel(éis).

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Pena que, após início promissor, o diretor opte pelo estilo norte-americano para revelar ao espectador do que se trata toda aquela primeira metade do filme. Num tom até didático, toda a trama inicial sobre quem é quem no roteiro é explicada num momento só. Balde de água fria para quem já tinha se engajado no filme com disposição para entender e resolver por conta própria o suspense.


Em seguida, o filme não perde o charme, inclusive porque os personagens naquela altura já conquistaram o espectador, mas dali ao final da produção já dá para deduzir boa parte do enredo. Não existem acontecimentos exatamente óbvios, mas os instrumentos usados pelo diretor na segunda metade já são convencionais.

Perde-se, portanto, uma boa idéia, explorada de forma talentosa inicialmente, mas desperdiçada antes do filme ganhar corpo e do espectador desistir de encontrar uma solução para aquilo tudo.


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