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Choques literais e metafóricos

Carlos Eduardo Lourenço Jorge - Folha de Londrina
18 nov 2005 às 18:24

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‘‘Crash - No Limite’’: filme conta com um grande elenco que não desafina nas interpretações - Divulgação
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Desde que o diretor Robert Altman começou a entrecruzar histórias e personagens em busca da essência da humanidade, lá pela segunda metade dos anos 1970 com os brilhantes ''Nashville'' e ''Cerimônia de Casamento'' a crítica neófita estranhamente parece desconhecer o Altman essencial, pré ''O Jogador'' e ''Cenas da Vida'', ambos do início dos 90 , um ou outro discípulo mais ou menos talentoso procura reciclar ou meramente copiar aquela fórmula exclusiva de patchwork que o veterano realizador de ''M.A.S.H.'' usou com maestria.

Agora é a vez de Paul Haggis, jovem e premiado roteirista de ''Menina de Ouro'', dar o seu recado de acordo com o figurino altmaniano. Fica ali pelas imediações, às vezes parece corajoso e até atrevido na buscar alternativas próprias, mas o tom dramático da narrativa e a ambição das metáforas acabam comprometendo o discurso.

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De qualquer maneira, ''Crash - No Limite'' merece atenção. É melhor que qualquer de seus vizinhos de porta de multiplex à exceção óbvia de ''Marcas da Violência.''

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A impressão que custa um tanto a se diluir, sem no entanto desaparecer de todo, é que ''No Limite'' não quer ser mais do que um filme portentoso: a música, a montagem, a trama e o elenco pedem, exigem até, toda a atenção do mundo, todo o respeito disponível. Aqui está um filme importante que sabe que é importante e mais, quer que todos saibam que é importante. Por isso mesmo leva um castigo: volta e meia se torna enfadonho.

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Estamos em Los Angeles, num dia frio de dezembro, no rastro de pelo menos uma dúzia de personagens de diferentes etnias, origens e segmentos sociais. São eles: um policial branco e racista (Matt Dillon) e outro, novato, que não é (Ryan Phillippe); um fiscal hipócrita (Brendan Fraser) e sua neurastênica, insuportável mulher (Sandra Bullock); uma dupla de articulados delinquentes negros (Larenz Tate e o rapeiro Ludacris); um equilibrado detetive negro (Don Cheadle) e sua atraente parceira e também namorada latina (Jennifer Espósito); um iraniano histérico (Shaun Toub) que já foi muitas vezes molestado; um serralheiro mexicano e bom caráter (Michael PeÀa), também muito ofendido ao longo do tempo; e finalmente um jovem e rico casal de negros à beira de um colapso depois de ser segregado e humilhado.


O território então é aquele alegórico já citado de mestre Altman de ''Cenas da Vida'' (Short Cuts), ou nos domínios de um seguidor mais jovem, o Paul Thomas Anderson de ''Magnólia.'' Para ser mais preciso, muito mais dentro das fronteiras do universo dramático de Anderson, se levarmos em conta a debilidade que tem Paul Higgis quando esfrega no rosto do espectador uma e outra e mais outra vez suas propostas, ideais, provocações e até imagens poéticas não, aqui não chove sapos e rãs, mas cai dos céus de Los Angeles algo muito mais estranho.

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O ''crash'', os choques deste título original estão presentes desde logo na narrativa. As pessoas se chocam umas com as outras em Los Angeles pela necessidade de ter contato com outros seres humanos, diz um dos protagonistas que acaba de sofrer um acidente de carro. Surpreendente ou não, a metáfora está servida. E outros choques vão se suceder ao longo do filme, diagnosticando as enfermidades de um entorno social em grave crise de identidade.


O problema é que Haggis por reiteradas vezes deixa de ser um narrador à espera da contribuição de seu interlocutor (o público) para se transformar em apóstolo. É quando ''Crash - No Limite'' parece manipular e julgar seus personagens, extorquindo lágrimas de uma platéia que estaria melhor raciocinando a seco.

Não se pode negar a Haggis habilidade na obtenção de linhas dramáticas interessantes, todas com certeza confluindo na direção dos dois ladrões negros. E é também inegável que o cineasta é esplêndido diretor de elenco. Os filmes corais e esta é outra lição preciosa de Altman não podem conter sequer uma nota falsa de seus intérpretes. E se há um bom motivo para ver ''Crash'' é o desfile de atores impecáveis, Dillon, Cheadle, Fraser, Sandra Bullock (acredite se for capaz, e confira).


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