O escritor de ficção científica Philip K. Dick está entre os preferidos pelos produtores americanos. Suas tramas sobre memória, identidade e realidades artificiais estão na base de alguns títulos mais representativos do gênero nos últimos tempos.
Desde o êxito artístico e de bilheteria de ''Blade Runner'', passando por ''O Vingador do Futuro'' (Total Recall) e ''Minority Report'', as adaptações do prolífico e visionário novelista estadunidense têm se mostrado muito rentáveis.
O problema é que os realizadores nem sempre se dão bem com os argumentos de Dick. Como é o caso deste ''O Vidente'', adaptado do conto ''The Golden Man''.
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A idéia que sustenta o filme é excelente. Tudo gira ao redor do dom de um indivíduo que, geralmente alcoolizado, ganha a vida fazendo mágicas de segunda mão em clube de terceira em Las Vegas.
Na verdade ele é um infalível vidente que nunca erra quando prediz o futuro. Seu nome é Chris Johnson mas prefere o nome de Frank Cadillac (Nicolas Cage), e sua habilidade extra-sensorial deixa de boca aberta o público. Callie Ferris (Julianne Moore), agente do FBI, sabe que o homem é a última esperança para atrapalhar os planos terroristas que prevêem o roubo de uma bomba nuclear e a explosão da própria no centro de Los Angeles.
Frank, que não quer nada com nenhum dos dois lados, terá que driblar os agentes do governo e o grupo radical, enquanto se ocupa de uma bela e misteriosa mulher (Jessica Biel) que vai afinal convencê-lo a desativar a tal bomba.
O roteirista Gary Goldman, anteriormente envolvido em filmes baseados em textos de Dick, escreveu uma peça confusa, muitas vezes arbitrária e discutível quanto ao paradoxo do tempo, do correr contra o relógio.
Para complicar, o diretor neozelandês Lee Tamahori, um dos crispados donos da atual ação vertiginosa em Hollywood, adota aquela estrutura em que perseguições trepidantes comandadas por efeitos especiais desafiam qualquer lógica.
Nicholas Cage, numa de suas versões menos interessantes, e Julianne Moore, em papel que dilui todas as possibilidades de passear seu talento, abrem espaço para que Jessica Biel assuma as rédeas e se torne o fator mais atrativo do argumento.