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Bonitinho, mas ordinário

Andrea Nunes
23 set 2000 às 17:22

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Se ao chegar ao cinema você descobrir que a sua única opção é uma comédia romântica estrelada por "Fox Mulder", deve pensar que bocejos garantidos te esperam. Mas a surpresa é descobrir, nesta despretensiosa comédia, a tentativa de se fazer um filme de amor à moda antiga, com início, meio e fim.
Trata-se de uma estória sensível e engraçada, com personagens verossímeis, apesar da trama fantasiosa. O filme, que marca a estréia de Bonnie Hunt atrás das câmaras, conta a estória de Bob Rueland (David Duchovny), um arquiteto viúvo que perdeu sua esposa em um acidente de carro e, quando passa o luto, se apaixona por Grace Briggs (Minnie Driver), jovem que foi submetida à um transplante de coração. Normal, não fosse o pano-de-fundo criado pelos roteiristas: por obra do destino, o órgão que ela tanto precisava para sobreviver foi doado pela esposa falecida.
Convenhamos, a estória é previsível, mas interessante. Só que, infelizmente, acabou sendo eclipsada por uma direção inexperiente e inocente da iniciante Bonnie Hunt, que usa uma fórmula cansada e não consegue envolver o espectador, principalmente nos primeiros quinze minutos de projeção. Portanto, se você não for muito exigente, gostar de dar umas boas risadas e não quiser chorar o leite derramado na bilheteria do cinema, sente-se e não reclame.
O elenco se esforça, interpreta bem, mas o roteiro e a direção atrapalham. Muitos diálogos e situações poderiam ser totalmente dispensados. É triste ver um ator tão intenso como Duchovny (Arquivo X) ter que carregar o peso de um personagem tão monótono quanto seu guarda-roupa cor cáqui. Minnie Driver (Gênio Indomável) tenta ressuscitar o público e ocasionalmente arranca umas risadas ou provoca alguma comoção.
E o pior, o filme desperdiça o talento dos atores mais idosos, que inclui Carroll O'Connor e Robert Loggia, com argumentos enfadonhos sobre os méritos de velhos cantores e jogadores de beisebol. James Belushi, que não consegue deixar de lado a oportunidade de fazer uma graça, é o único que se salva e dá um show à parte, interpretando um impagável cunhado.
Os eternos apaixonados vão deixar a sala com a sensação de que o mundo é lindo. Os solteiros devem dar uma chance ao romance - quem sabe não rola um clima no escurinho do cinema? Agora, pobre infeliz é o acompanhado. Todas as suas tentativas de fuga não vão dar certo - e nem adianta imprimir esta crítica como último recurso para convencer a namorada, porque ela vai te obrigar a assistir Feitiço do Coração.
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