Um tribunal serve de palco para o derradeiro encontro de dois rivais. Eles se conheceram ainda meninos e suas vidas foram marcadas por encontros e traições.
O coronel Ponciano de Azerevo Furtado perdeu todo o seu dinheiro e terras por confiar em Pernambuco Nogueira, seu irmão de criação, mas tem um trunfo que pode fazer com que recupere sua fortuna e dignidade e que pretende revelar ao final do julgamento.
No filme ''O Coronel e o Lobisomem'', baseado no romance homônimo de José Candido de Carvalho, o primeiro é vivido por Diogo Vilela e o segundo, Nogueira, pelo ator Selton Mello. Dirigido por Maurício Faria, o longa tem roteiro de Guel Arraes, João Falcão e Jorge Furtado. É a estréia no cinema de Faria, que desde 2001 dirige o seriado global ''A Grande Família''.
Num ritmo tão lento e detalhado quando é capaz de ser um julgamento, o filme é salvo em alguns de seus momentos pela atuação de Diogo Vilela como um coronel covarde, que herda a insígnia e a fortuna do avô, Simeão (Othon Bastos).
Selton Mello também tem boa atuação como o amigo traidor. Mas não está exatamente no elenco completado por Ana Paulo Arósio e algumas participações especiais, como Andreá Beltrão e Lúcio Mauro Filho os bons momentos do filme, mas sim no realismo fantástico e nos efeitos especiais que o longa apresenta.
A linguagem empolada típica dos coronéis e fazendeiros do início do século 20 também caracteriza o roteiro, que trabalha com o folclore nacional, como sereias e lobisomens. Mas aí funciona como uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que agrada no início, fica enfadonho em determinados momentos.
Ao longo do julgamento pelo qual o coronel esperou anos, ele mesmo vai revelando e narrando toda a sua história. Ainda menino, criado ao lado de Nogueira, ele se apaixona pela Prima Esmeraldina (Ana Paula Arósio).
Na adolescência, os dois são mandados pelo avô de Ponciano para estudar da cidade grande, mas retornam por causa da morte do dono da Fazenda. Ponciano passa a se dedicar às terras e a cuidar para tirar a fazenda das dívidas, ajudado por Nogueira.
Mas ele acaba expulsando o irmão de criação por acreditar nos boatos dos empregados, que afirmam que Nogueira era um lobisomem. Nogueira retorna anos depois, casado com a prima Esmeraldina.
Começa aí a desgraça do coronel, que ele narra tão bem diante dos jurados. Seus desfecho fica por conta do público que pode acreditar ou não que os seres míticos do filme são reais ou integram a imaginação de Ponciano. Cabe ao público também ser condescendente com a produção.
Produzido por Paula Lavigne e Guel Arraes, o filme coloca o cinema brasileiro no patamar dos filmes que trabalham com efeitos especiais sem deixar (muito) a desejar.