Com seu bordão 'Viááádo!', Ferdinando virou um dos personagens preferidos do público no Vai Que Cola. "As crianças o adoram. Recebo vídeos de crianças, de todo o Brasil, imitando o Ferdinando", conta o ator que faz o papel, Marcus Majella. "Vai Que Cola" vai para a quinta temporada, sem Paulo Gustavo. Quem é o protagonista? "Não tem. Cada episódio é narrado do ângulo de um personagem. Todo mundo é protagonista. O Paulo (Gustavo) tem só uma participação no episódio 200. Aí não dava para ele ficar de fora, né?", Majella conta as novidades. Mas o assunto é seu primeiro papel como protagonista no cinema em "Um Tio Quase Perfeito", que estreou na quinta-feira (15) em 400 salas do País.
Talvez seja surpresa para os fãs do próprio Majella descobrir que ele tem uma vida além de Ferdinando. O novo personagem não coloca nenhuma questão de gênero. E supre uma carência - é programa para o público infantojuvenil, pouco contemplado na produção brasileira atual. O projeto nasceu da produtora Marisa Leão, que convidou Majella e o diretor Pedro Antônio. Como é carregar o filme nas costas? "É mais puxado porque estou em todas as cenas. Mas não carrego o filme sozinho. Tem a Ana Lúcia Torre, que é maravilhosa, as crianças. O Pedro (Antônio) criou um clima muito bacana no set. No final das contas, formamos uma família."
E o diretor - "Tenho dirigido muito para TV, comecei a fazer cinema e o Tô Ryca deu supercerto, com 1,3 milhão de espectadores. Sei que crítico não se liga nesses números, mas são importantes. Sempre me considerei um diretor de indústria. Meu sonho é o Don Siegel, um diretor B de Hollywood que fazia filmes de gênero e depois se impôs fazendo os filmes de Clint Eastwood. Ele tinha uma marca, e eu, modestamente, quero colocar a minha nos filmes que faço. Fiquei muito feliz quando a Marisa (Leão) me chamou, mas disse que queria dar uns pitacos no roteiro." Para o diretor, "Um Tio Quase Perfeito" é sobre família. "Fiquei muito feliz porque acho que consegui fazer um filme humano e com humor, mostrando, de forma divertida, que qualquer família que se une pelo afeto vale a pena."
Majella é o trambiqueiro Tony. Despejado do apartamento em que mora com a mãe (Ana Lúcia Torre), vão bater na casa da irmã executiva - que justamente está saindo de viagem. Tony e mamãe ficam com o encargo de cuidar das crianças. OK - você já sacou tudo. No processo, tio Tony deixa de ser sem noção e cria laços genuínos com os sobrinhos. Consegue até reintegrar o pai político que só sabe dos filhos a distância. Não vai nenhum spoiler nisso. A novidade de "Um Tio Quase Perfeito" não está no ineditismo do argumento. Pedro Antônio evita a grosseria e a vulgaridade e, embora dirija muito para TV, sabe que a mídia, aqui, é outra.
Siegel, para voltar a ele, começou como montador. O diretor assumiu suas lições. O filme começa agitado e depois fica mais intimista. Majella diz que se inspirou em Pedro Antônio para criar o tio. O diretor nega. "É balela dele, o personagem não sou eu." No limite, o que faz a diferença é o elenco. Majella, Ana Lúcia, as crianças. Pedro tem o cinema no DNA. Filho de diretor (Paulo Thiago) com produtora (Gláucia Camargos), criou-se em sets. A mãe não vai produzir nenhum filme dele? "Vai, o próximo. E você não sabe o que é ser produzido pela mãe. Mãe é fogo. Acha que a gente nunca deixa de ser criança." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.