Ao receber o Leão de Ouro pelo filme "Lebanon" (Líbano) no 66° Festival de Cinema de Veneza, o israelense Samuel Maoz destacou a vitalidade do cinema israelense e a liberdade de criação artística: "Obrigado a todos por poder participar de um festival tão arrojado e livre. Meus atores, meus produtores. Este filme é um pedaço do meu coração. Sou muito orgulhoso pelo cinema israelense, que hoje é um dos grandes exportadores da nossa cultura. Temos que abrir a cabeça das pessoas e perguntar: Quem a gente pensa que é? Em que nos tornamos? E no que nós queremos nos tornar e o que não queremos ser nunca mais. Viva a arte do cinema. Viva a Bienalle, Viva Veneza", declarou o diretor.
O filme é baseado nas próprias experiências de Maoz. "Levei mais de 25 anos para exorcizar todos os fantasmas que vivi naquela guerra. Não foi fácil, mas valeu a pena fazer este filme", disse Maoz, que escolheu um ponto de vista criativo para contar as brutalidades da guerra. Em "Lebanon", grande parte da ação se passa dentro do tanque em que viajam os soldados israelenses. A visão e o pânico que o público sente é a mesma que os soldados sentiam.
Mais uma tendência política foi sentida na escolha do Leão de Prata de Melhor Direção. A bela e jovem Shirin Neshat levou o prêmio por seu delicado "Women without Men" (Mulheres sem Homens). O filme conta de modo delicado e até mesmo surreal a vida de quatro mulheres no Irã dos anos 50 e teve recepção mais do que positiva durante a sessão de gala hoje.
O longa mostra o período em que um golpe de estado, que teve apoio inglês e liderança norte-americana, derrubou o então governo democrático e restituiu o poder ao xá.
"Obrigada a todos que me ajudaram a fazer este filme quando tudo ia contra. Este foi realmente um projeto internacional, feito por marroquinos, japoneses, iranianos. Este filme traz em seu coração a mensagem de liberdade pela liberdade e pela democracia. Estamos lutando há tanto tempo. Eu peço ao nosso governo que dê ao povo do Irã o que ele quer: paz e democracia", disse Shirin.
Já o prêmio de Melhor Ator não foi surpresa, mas emocionou a todos. Colin Firth levou a Coppa Volpi (Taça Volpi) por sua sensível interpretação do professor universitário gay em "A Single Man", de Tom Ford.
O prêmio de Melhor Atriz foi para a italiana Ksenia Rappoport por "La Doppia Ora", de Giuseppe Capotondi.
Já o Prêmio Especial do Júri foi merecidamente para "Soul Kitchen", do alemão de origem turca Fatih Akin. Uma das comédias mais inteligentes e bem escritas dos últimos anos, houve quem a apontasse como favorito ao Leão de Ouro.