A seleção de rugby da África do Sul, também chamada de Springbooks, conquistou em 1995 um feito histórico, quase impossível. Venceu a seleção da Nova Zelândia, a All Blacks, considerada imbatível, na final da Copa do Mundo, realizada no país africano. Seria algo como se a seleção da Eslováquia vencesse o Brasil na final da Copa do Mundo da Fifa. É sobre essa conquista que trata o filme "Invictus", que estreia hoje, dirigido por Clint Eastwood, com Morgan Freeman, interpretando o presidente Nelson Mandela, e Matt Damon.
Na época, a situação política do país era bem diferente da atual. Madiba (nome tribal de Mandela), tinha a dura missão de unir um país que, por anos, se manteve separado pelo regime do Apartheid, com discriminação racial constitucionalizada. Se um branco estuprasse uma negra, ele só pagaria uma multa. Se fosse o contrário, o negro seria condenado à morte. Enquanto isso, nos esportes, o futebol era dos negros e o rugby, dos brancos.
Mais do que retratar a conquista da Copa do Mundo, o longa mostra como Madiba conseguiu unir o país por meio do rugby. Ao perceber que uma das primeiras providências do Ministério dos Esportes, em retaliação aos brancos, seria dissolver o Springbooks, um dos ícones da segregação, o presidente resolveu intervir. Vendo no fato um caso político, o carismático presidente aproveitou que o país sediaria a Copa do Mundo, da qual os Springbooks eram os piores, para buscar a união. Para isso, Mandela demonstrou publicamente seu apoio e incentivou a seleção.
Nos 30 anos em que esteve preso em Robben Island, de 1962 até 1992, para se manter são, Mandela recitava o poema Invictuous, escrito em 1875, por William Ernest Henley (daí o título do longa). Para incentivar a seleção sul-africana, o presidente convocou o capitão do time, François Pienaar (Matt Damon), ao palácio presidencial, em Pretória, onde lhe entregou uma cópia do poema.
Adaptado do livro "Conquistando o Inimigo", do jornalista britânico John Carlin, o longa mostra um Nelson Mandela herói. Uma espécie de entidade salvadora dos negros. Assim como o filme "Lula, o Filho do Brasil", defeitos de Mandela são amenizados, como a sua relação conturbada com a família.