Muitas atrizes afirmam que não existem papéis muito interessantes para mulheres em Hollywood. Na maioria dos casos, os protagonistas são os homens, e elas ficam com os papéis coadjuvantes de namoradas, esposas, colegas de trabalho.
Mas talvez uma mulher possa interpretar um papel masculino tão bem quanto qualquer homem. Nas páginas a seguir, você descobre 20 personagens que foram escritos para homens, mas acabaram sendo interpretados por mulheres - e elas não deixaram a desejar para nenhum ator.
Não se trata de personagens de mulheres vestidas de homens (estas ainda mereceriam outra matéria especial, concorda?), e sim de atrizes que aceitaram personagens masculinos e interpretaram, muitas vezes sem fazer nenhuma modificação. Você sabia, por exemplo, que a tenente Ripley de Alien, o 8º Passageiro deveria ser um homem? Ou que Jodie Foster já encarnou duas vezes papéis escritos para o gênero oposto? Sabe qual personagem de Angelina Jolie deveria ter sido interpretado por Tom Cruise?
Descubra nos 20 casos a seguir:
1. Kyle Sherin (Jodie Foster) em Plano de Voo (2004)
No começo, este deveria ser mais um filme sobre um pai herói que resgata a filha sequestrada, e Sean Penn foi convidado para o papel principal. Mas o diretor Robert Schwentke começou a achar a trama meio forçada, e teve uma ideia: se ao invés de um pai, fosse uma mãe? Os produtores concordaram e logo Jodie Foster embarcou no projeto. Mas o nome da personagem, Kyle, permaneceu o mesmo.
2. Secretária Rhodes (Jodie Foster) em Elysium (2013)
Jodie Foster é grande fã de Distrito 9, e já tinha dito ao diretor Neill Blomkamp que estaria disposta a trabalhar em qualquer projeto que ele dirigisse, sem exceção. O diretor queria encaixá-la em Elysium, mas os papéis femininos eram pequenos demais para a atriz. A solução foi trocar o gênero do vilão da história, imaginando uma secretária elitista que impede os moradores da Terra de terem melhores condições de vida.
3. Evelyn Salt (Angelina Jolie) em Salt (2010)
Desde o início, o protagonista deste filme de ação deveria ser Tom Cruise, que se chamaria Edwin Salt. Mas pouco antes das filmagens, o astro abandonou o projeto, e os produtores não conseguiam encontrar nenhum outro nome à altura. Por sorte, Angelina Jolie ficou sabendo do projeto e quis dar uma olhada, por curiosidade. Aí veio a ideia: e se o protagonista se tornasse uma mulher? Surgiu então Evelyn Salt, neste que é um dos dez maiores sucessos da carreira da atriz.
4. Paula (Jane Lynch) em O Virgem de 40 Anos (2005)
Precisava ser uma mulher para ter essa ideia: Nancy Walls, esposa de Steve Carell, comentou com o marido que a história do filme não tinha mulheres suficientes. O astro principal desta comédia concordou, e teve a ideia de transformar o inconveniente diretor Paul em Paula, e chamar Jane Lynch (que já mostrou seu humor politicamente incorreto na série Glee) para a personagem.
5. Tenente Ripley (Sigourney Weaver) em Alien, o 8º Passageiro (1979)
O diretor Ridley Scott revelou que, inicialmente, a Tenente Ripley era um homem, e apenas um membro a mais da tripulação. Depois veio a ideia ousada de transformá-lo em mulher, e o diretor começou a fazer testes para o papel. Quando encontrou Sigourney Weaver, ela se saiu tão bem que Scott decidiu não apenas chamá-la, mas também fazer de Ripley a protagonista. A atriz insistiu para que nada fosse alterado no roteiro, e o pedido foi atendido.
6. Lenny (Sigourney Weaver) em Um Elenco do Barulho (2006)
Este é um filme pouco conhecido no Brasil, sobre uma poderosa produtora de televisão que torna a vida de seus colegas de trabalho um inferno. A ideia original era ter um homem de 50 anos interpretando um papel machista e grosseiro, mas os produtores pensaram, ainda na fase de produção, que talvez uma mulher pudesse trazer uma nova dinâmica ao roteiro. Entra em cena Weaver, com 57 anos na época, e a atriz insiste para que o roteiro seja mantido exatamente o mesmo, incluindo a obsessão da personagem por seios.
7. Rex Brooks (Sigourney Weaver) em Ponto de Vista (2008)
Mais uma vez Sigourney Weaver, mais uma vez no papel de uma produtora de televisão. Dois anos após Um Elenco do Barulho, o diretor Pete Travis começou a pensar que a sua história, inspirada no clássico Rashomon, não tinha papéis femininos fortes, e decidiu transformar algum personagem em mulher. O escolhido foi Rex, produtor(a) de grande responsabilidade, que deve prestar contas ao presidente da empresa.
8. Major Gwen Anderson (Viola Davis) em Ender's Game - O Jogo do Exterminador (2013)
Os fãs do livro "O Jogo do Exterminador" devem se lembrar do valente Major Anderson, descrito como um veterano autoritário. Mas o diretor Gavin Hood decidiu tomar a liberdade de alterar o gênero do personagem, para mostrar que uma mulher poderia ser igualmente durona. Não é que ele tem razão? Viola Davis, que já fez várias personagens de forte temperamento, se saiu muito bem no papel.
9. Dizzy (Dina Meyer) em Tropas Estelares (1997)
No livro original, Dizzy era um homem, e tinha um papel pequeno, sumindo da trama logo nos primeiros capítulos. No processo de criação do roteiro, o personagem se tornou mulher e ganhou várias cenas novas, tornando-se um dos nomes mais importantes do filme. A mudança foi ótima para Dina Meyer, atriz mais acostumada às séries de TV, e que teve nesta ficção científica um de seus principais papéis no cinema.
10. Alicia Clark (Glenn Close) em O Jornal (1994)
O roteiro desta comédia dramática já estava pronto, quando o diretor Ron Howard decidiu passar algum tempo nas redações de grandes jornais americanos, para elaborar a atmosfera do filme. Ele percebeu que as histórias pessoais das mulheres eram mais interessantes, e decidiu transformar o papel do editor em editora. Glenn Close foi convidada e insistiu para que nada fosse alterado nos diálogos além da mudança de gêneros e artigos. Mesmo uma cena de briga física foi mantida.
11. Zula (Grace Jones) em Conan, o Destruidor (1984)
Nos quadrinhos originais, Zula era um guerreiro, mantido como prisioneiro até conquistar a sua liberdade. O jogador de basquete Wilt Chamberlain foi convidado para o seu primeiro papel no cinema, e estava prestes a aceitar, até os produtores terem a ideia de chamarem uma mulher no lugar. Assim, a cantora e ocasionalmente atriz Grace Jones foi convidada a contracenar com Arnold Schwarzenegger.
12. Babá (Helen Mirren) em Arthur, o Milionário Irresistível (2011)
Na primeira versão de Arthur, em 1981, o mimado protagonista ficava sob os cuidados de um criado, interpretado na época por John Gielgud. Na nova versão, entretanto, os produtores acharam que a comédia se tornaria mais engraçada se uma mulher assumisse a função - e assim Helen Mirren conquistou o papel. Infelizmente, o filme não teve muito sucesso, e foi lançado no Brasil diretamente em DVD.
13. Reitora Hardscrabble (Helen Mirren) em Universidade Monstros (2013)
Quando o roteiro desta animação já estava pronto, e todos os personagens tinham sido definidos, os roteiristas começaram a pensar que faltava dinâmica entre Mike, Sully e o rigoroso reitor da universidade. Decidiram então recomeçar os desenhos do zero, para transformar o personagem em mulher. O perfil austero encaixou perfeitamente nos talentos vocais de Helen Mirren.
14. Georgia Byrd (Queen Latifah) em As Férias da Minha Vida (2006)
Latifah pode agradecer à criatividade de seus agentes. Esta refilmagem do papel originalmente escrito para Alec Guinness deveria ser interpretada, na versão moderna, por John Candy. Mas com a morte do ator, o projeto foi abandonado por tempo indeterminado. Os agentes de Queen Latifah leram a história e acharam que se encaixaria perfeitamente nos talentos da atriz, convencendo os produtores a retomarem o filme.
15. Hildy Johnson (Rosalind Russell) em Jejum de Amor (1940)
Pensou que a troca de personagens masculinos por mulheres era uma ideia contemporânea? Nada disso. No fim dos anos 1930, o sempre inovador Howard Hawks decidiu adaptar a peça de teatro "The Front Page", que continha o papel central de um jornalista de forte temperamento. Mas o cineasta ouviu uma mulher ler estas falas, e achou que deveria trocar o gênero da personagem. Assim, Rosalind Russell conquistou um dos melhores papéis do início de sua carreira.
16. Sever (Lucy Liu) em Dupla Explosiva (2002)
No início, este deveria ser o confronto entre dois homens. Sylvester Stallone, Jet Li, Vin Diesel e Wesley Snipes foram convidados para interpretar Sever, mas todos recusaram. Antonio Banderas, que já estava confirmado no projeto, teve a ideia de trocar o gênero de seu adversário, e sugeriu que Lucy Liu fosse a escolhida. A ideia agradou, e a atriz conseguiu o papel. Infelizmente, o filme foi um dos maiores fracassos comerciais e de crítica da época.
17. Joan Watson (Lucy Liu) na série Elementary (2012 - )
Por falar em Lucy Liu, ela também foi contratada para uma das mudanças de gênero mais ousadas da televisão: o britânico Dr. Watson de Sherlock Holmes foi transformado em uma mulher de traços orientais. Quando a escolha da atriz foi anunciada, os produtores da série ouviram diversas críticas, mas hoje Elementary tem um grupo cativo de fãs.
18. Capitã Kara Thrace (Katee Sackhoff) na série Battlestar Galactica (2004 - 2009)
Consegue imaginar a capitã Starbuck como um homem? Na série original, de 1978, a personagem era interpretada por Dirk Benedict, e o nome Starbuck também remetia ao famoso personagem masculino da série Moby Dick. Mesmo assim, Sackhoff assumiu o desafio e dominou o papel. Desde então, ela conseguiu se firmar como uma das principais atrizes no cinema de ação.
19. Harriet Korn (Kathy Bates) na série Harry's Law (2011-2012)
O jornal Los Angeles Times perguntou a Kathy Bates o que a tinha atraído nesta série, e a resposta foi clara: "O fato de ter sido originalmente escrita para um homem. Isso deixou a personagem mais ousada, o que foi muito interessante para mim". Bates defende que os papéis mais variados em Hollywood são destinados aos homens, e por isso a mudança permitiu que ela interpretasse uma advogada mais complexa.
20. Blossom Russo (Mayim Bialik) na série Blossom (1990 - 1995)
Acredite se quiser, mas quando o canal ABC preparou essa série, ela deveria se chamar Richie, e abordar as desilusões de um adolescente confrontado com a entrada na vida adulta. A inspiração era o personagem Holden Caulfield, do livro O Apanhador no Campo de Centeio. Mas os produtores começaram a ler os episódios, e perceberam que a irmã mais velha de Richie era muito mais engraçada. Decidiram então torná-la a personagem principal, chamando Mayim Bialik para interpretar Blossom.