O cotidiano está cada vez mais tomado – e dependente – de aparelhos eletrônicos: celulares, computadores, controles e dispositivos em geral estão por toda parte. Mas você já parou para pensar o que acontece quando não precisa mais deles?
A quantidade de eletroeletrônicos tem crescido de 3% a 4% ao ano diante das grandes expectativas por soluções inovadoras. Cada lançamento, no entanto, vai desencadear um volume de aparelhos ociosos e obsoletos, o chamado ‘lixo eletrônico’ ou ‘e-lixo’. Estima-se que, só em 2019, foram gerados mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico no mundo. Destas, somente 10 milhões foram devidamente descartadas, coletadas e reaproveitadas como matéria-prima de novos produtos.
A maioria desses aparelhos depende de pilhas e baterias para funcionar, mas é preciso dar um destino adequado ao final de cada carga. Além do desperdício do que poderia ser um valioso insumo, quando descartadas ou tratadas incorretamente, essas fontes de energia podem apresentar vazamentos de componentes químicos, o que é prejudicial à saúde e ao meio-ambiente.
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Componentes como mercúrio, cádmio, chumbo, zinco e níquel podem causar contaminações graves e por isso é importante que baterias portáteis e as pilhas (alcalinas, zinco-manganês e recarregáveis) deixem de ser descartadas no lixo comum.
Segundo o Global E-waste Monitor 2020, o Brasil gerou no ano passado 2.14 milhões de toneladas/ano de lixo eletrônico, o ‘e-lixo’. Foi o segundo maior gerador nas Américas, atrás somente dos EUA (6.91 milhões de toneladas/ano). O México foi o terceiro com 1.22 milhão de toneladas/ano.
O estudo estima que o mundo deve saltar das 53.6 milhões de toneladas geradas em 2019 para 74.7 milhões em 2030. Do atual montante global, apenas 17,4% é devidamente captado e descartado, o que significa que 82,6% de todo o e-lixo gerado no mundo tem destino desconhecido. Provavelmente vai parar em lixões e aterros, colocando as pessoas e a natureza sob sério risco de contaminações.
Por pior que esse quadro se apresente, existem formas totalmente viáveis de começar a revertê-lo. A solução passa por iniciativas de logística reversa eficientes e coordenadas entre poder público, empresas e consumidor.
Destaca-se no setor eletroeletrônico o programa coordenado pela Green Eletron, organização sem fins lucrativos responsável pela distribuição de coletores e a gestão de todas as etapas envolvidas na destinação final ambientalmente correta do ‘e-lixo’ recolhido em pontos estratégicos de todo o Brasil.
O programa é desenvolvido em parceria com fabricantes, importadores e distribuidores como a STECK Indústria Elétrica, que tem o diferencial da associação com a Green Eletron de modo que o controle sobre as pilhas e baterias comece antes mesmo de chegar às gôndolas.
"A indústria tem um papel fundamental para que o ciclo de pilhas e baterias nunca termine, pois somos responsáveis por aquilo que fabricamos. Nosso compromisso não se encerra quando o produto chega às mãos do cliente”, explica Nayara Diniz, gerente de produto da STECK. "É importante que o consumidor faça a sua parte não apenas descartando as cargas nos coletores, mas também na escolha de marcas idôneas e responsáveis, que se associam aos programas como o da Green Eletron para colaborar com um mundo melhor”, completa.
O alerta de Nayara é significativo: boa parte dos problemas ambientais são gerados pelas chamadas ‘pilhas piratas’, fabricadas totalmente fora das especificações de segurança, podendo apresentar risco ao consumidor inclusive quando ainda em uso.
Em 2019, o programa recolheu mais de 520 toneladas de lixo eletrônico, das quais 171 toneladas somente de pilhas e baterias portáteis (um aumento de 69% em comparação com o ano anterior). No sistema de coleta de eletroeletrônicos, o número descartado mais que triplicou desde 2018.
Após a coleta e a triagem, o material é encaminhado pela Green Eletron para recicladoras homologadas, responsáveis por triturar e separar o que é possível reciclar dos componentes. As pilhas, por exemplo, podem ser transformadas em pigmentos para fogos de artifício, pisos cerâmicos, vidros, tintas, além da possibilidade de reutilização do zinco.