No universo da gastronomia, chefs, culinaristas e cozinheiros são unânimes em afirmar que o amor é um ingrediente fundamental que não pode faltar no preparo dos pratos. O prazer, a felicidade e as memórias que uma receita nos proporciona influenciam diretamente no sucesso daquilo que se deseja realizar.
Em casa, muito mais que uma estrutura muito bem pensada, a decoração com o viés afetivo promove uma conexão ainda mais forte na relação da cozinha com a vida dos moradores. Junto com a estética, o projeto pode – e deve! – destacar histórias, lembranças e sensações. "Nosso papel como arquitetos é conhecer a essência de cada cliente, descobrir o que é importante e, junto com as premissas de uma cozinha bem planejada para quem ama cozinhar, trazer elementos que se conectem com a emoção. A cozinha tem esse poder”, defende a arquiteta Cristiane Schiavoni, à frente do escritório que leva seu nome.
Com sua experiência na realização de projetos residenciais, a profissional afirma que a relação entre a arquitetura de interiores e as memórias afetivas fortaleceu-se ainda mais, principalmente no momento que estamos vivenciando. "Ao ressignificar a importância de nossos lares, tenho acompanhado esse desejo por parte dos clientes que atendemos em nosso escritório. O encanto da decoração não está pautado nos estilos, mas no conforto emocional e no bem-estar que aliamos nessa execução”, complementa Cristiane.
Mas como projetar uma cozinha com histórias e afeto? Confira a seguir as dicas que a profissional separou para ajudar nessa missão.
Uma forte relação com o vintage x retrô
Dois estilos clássicos que estão ligados ao afetivo são o retrô e o vintage. Mas qual a diferença entre eles? Segundo a especialista Cristiane Schiavoni, ambos são parecidos, mas existe uma linha tênue que determina suas diferenças. No caso do vintage, o décor está associado ao uso de peças antigas, geralmente datadas entre as décadas de 1920 a 1960 ou quando a decoração engloba móveis herdados de familiares ou de alguém especial. Já o retrô se traduz em uma releitura de obras passadas que remetem a sentimentos e memórias afetivas. "Realizo muitos projetos inspirados no estilo retrô. Eles se encaixam nessa questão da linguagem e personalidade dos moradores, ligado também as suas origens”, revela.
Cores
Para a profissional, a definição da cor não é pautada em regras, haja vista ela deve representar a lembrança que será conduzida na construção da cozinha. Entretanto, a visão do profissional de arquitetura é fundamental para auxiliar na mistura de tons. "No caso do vintage, tons impactantes como o preto, verde oliva, amarelo e vermelho podem ser bastante utilizados. Já entre os tons mais suaves estão as cores branco, azul e verde”, indica Cristiane.
Personalidade
Uma cozinha afetiva e de personalidade não implica em ter os demais cômodos do projeto em uma toada semelhante. Porém, essa liberdade deve seguir em consonância com os demais ambientes, de forma a não destoar. "É possível manter a cozinha com cores e pisos diferentes, sim, mas com uma unidade e propósito. Com as lembranças ali expostas, moradores e convidados devem sentir a conexão e a alegria do estar no espaço”, compartilha a arquiteta.
Objetos e texturas
São os objetos, materiais ou texturas que contribuem para que um ambiente provoquem sentimentos para os moradores ou visitantes. Por isto, são muito essenciais em uma cozinha afetiva.
"É muito comum a escolha de vasos com plantas, louças coloridas, panelas antigas ou um móvel que segue perene com o passar do tempo. Entre as texturas, pode ser interessante investir em revestimento cerâmico ou um porcelanato com tons amadeirados, além dos ladrilhos hidráulicos coloridos, que podem ser evidenciados junto com marcenaria”, diz a arquiteta. Para ela, o olhar apurado aos detalhes que contribui com o todo.