Walmor Macarini, que foi diretor de redação da Folha de Londrina, faleceu na madrugada desta quarta-feira (14), aos 86 anos. Natural da cidade de Meleiro, em Santa Catarina, pai de quatro filhos, avô de 10 netos e bisavô de dois bisnetos, Macarini era considerado uma referência do jornalismo paranaense.
O jornalista chegou a Londrina em março de 1955 e assumiu a redação da Folha em 1964, quando João Milanez, fundador do jornal e seu tio, lhe ofereceu a oportunidade. A partir disso, Macarini fez história: mais de mil jornalistas foram coordenados pelo profissional, que também atuava como correspondente dos jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo.
"Walmor deixou um legado muito grande para o jornalismo. Sempre centrado, tinha muito cuidado com tudo que escrevia. Mas ele era muito mais que um ótimo jornalista, era um excelente amigo, marido e pai", afirma Oswaldo Militão, jornalista que tinha uma amizade de 67 anos com Milanez.
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Militão conta que conheceu Walmor em 1956, quando sua mãe veio de Bela Vista do Paraíso até Londrina. O objetivo era encontrar um pensionato para o filho morar enquanto cursava o segundo grau e, ao comprar um exemplar da Folha de Londrina na rodoviária, a mulher encontrou um anúncio de Milanez.
Os jornalistas foram colegas de quarto e, após algum tempo, colegas de apartamento por muitos anos. O primeiro a sair do imóvel foi Walmor, que se casou. Mesmo assim, a amizade dos dois permaneceu. "Eu e minha esposa somos padrinhos de uma das filhas do Walmor. Nós mantínhamos contato até hoje", conta Militão.
Amante de música clássica, Macarini tocava violão e tinha uma "inabalável inquietude intelectual", já que gostava de aprender e de ler. As palavras são de Vanusa Macarini, filha de Walmor, que inspirada pelo pai, cursou jornalismo.
"Meu pai se dedicou de corpo e alma ao jornalismo até seus últimos dias. Além de ter sido diretor de redação, foi editorialista da Folha por muitos anos depois de se aposentar. Até pouco tempo, usava sua máquina de escrever, um tesouro que o acompanhou por seis décadas", conta a filha.
Vanusa explica que, mesmo que Walmor tenha nascido em Santa Catarina, o jornalista adotou e amou Londrina incondicionalmente. "Meu pai se envolveu em causas sociais e era um idealista apaixonado pela vida. Lutou por muitas causas locais, içou bandeiras de diferentes segmentos da sociedade e logrou muitas conquistas nos anos em que atuou como jornalista e chefe de redação. Ele, sem dúvidas, foi coadjuvante em grandes momentos da história do nosso Estado."
Condecorado com o título de Cidadão Honorário do Paraná na Câmara Estadual, Macarini sempre foi um estudioso da cultura. "Quando pequeno, ele construiu uma máquina de escrever com o que tínhamos à disposição. Claro que não funcionava, mas ele só queria praticar. Ele sempre teve o sonho de escrever - e conseguiu realizar", conta Walter Macarini, irmão de Walmor.
A paixão pelo jornalismo nutrida por Macarini atingia diferentes gerações. João Rodrigo Milanez, primo mais novo de Walmor, conta que teve a honra de entrevistar o jornalista para um documentário que está produzindo sobre seu pai, João Milanez. "Walmor era um excelente comunicador. Tinha um texto sofisticado, mas mantinha o jeito humilde do povo do interior de Santa Catarina, de onde vieram nossas famílias."
Nos últimos anos, Macarini se dedicou ao estudo de temas voltados à espiritualidade. "Leu e sublinhou inúmeros livros, alguns de grande complexidade para o entendimento comum. Meu pai fez a passagem para o mundo espiritual acreditando em uma legião de anjos, arcanjos e mestres-guias", explica a filha Vanusa.
Adriana de Cunto, chefe de redação da Folha de Londrina atualmente, ressaltou que Macarini foi referência no jornalismo para várias gerações de profissionais que começaram a trabalhar na Folha de Londrina enquanto ele estava no comando da redação.
"Muito do que a Folha tem em seu DNA em relação à ousadia, criatividade e compromisso com as pautas da cidade vieram das discussões que o Walmor tinha com seus editores e repórteres", conta.
O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), decretou luto oficial em razão do falecimento de Walmor. Segundo a família, o velório do jornalista começa às 12h30 desta quarta-feira, no Parque das Oliveiras, onde descansam seus pais Adélia Milanez e Antônio Macarini. Os detalhes do sepultamento ainda não foram definidos.