Os simuladores de urna eletrônica encontrados em um dos quartos de um apartamento conjugado à Metalúrgica Unida, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, são proibidos no Paraná e em diversos Estados por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No ano passado, a Justiça Eleitoral não permitiu a comercialização do produto devido ao alto custo e à limitação do uso, que poderia induzir os eleitores a votarem em apenas determinados candidatos. Por ser caro, o equipamento só poderia ser comprado por candidatos com grande poder aquisitivo. O material estava estocado em um apartamento onde moraram um dos filhos e a mãe do ex-prefeito de Pinhais Sigfried Boving, mais conhecido como "Zico".
Mas a junta eleitoral de Piraquara (também na Região Metropolitana de Curitiba), responsável por Pinhais, só poderá abrir processo contra o ex-prefeito se houver uma denúncia formal. Como Zico não foi reeleito, dificilmente um partido político ou outros candidatos façam a denúncia. A Folha tentou contato com o Ministério Público da cidade para saber se algum pedido de investigação foi instaurado mas não conseguiu obter informações por telefone durante todo o dia.
Enquanto "vasculhavam" o que sobrou dos equipamentos da Metalúrgica Unida na tarde de segunda-feira, os funcionários entraram em um apartamento que é conjugado ao barracão da fábrica. Em um dos quartos do imóvel eles encontraram cerca de duzentos simuladores de urnas eletrônicas e um álbum de família do ex-prefeito Sigfried Boving (PFL), o Zico.
De acordo com Everton José Rodrigues, um dos funcionários da empresa, o apartamento estava fechado nos últimos meses, mas um dos filhos e a mãe do ex-prefeito já moraram ali. Os equipamentos foram encontrados na tarde de terça-feira. Durante a noite várias máquinas tinham sido saqueadas por moradores da região. Ontem havia cerca de 60 máquinas no local. O simulador encontrado na fábrica é fabricado no município de Maringá pela empresa Cassia de Almeida Informática.
Apesar da proibição no Paraná, a empresa podia vender os simuladores para treinamento e pesquisas de campo em municípios de outros Estados. Segundo a assessoria do Tribunal Regional Eleiutoral, os juízes eleitorais consideraram que o alto preço do simulador beneficiaria apenas os candidatos que tivessem recursos para comprá-los.
Outros simuladores de papelão, mais baratos, puderam ser usados nas eleições municipais do Paraná. Para se ter uma idéia de diferença dos valores, o simulador de papelão custava R$ 10,00 enquanto o simulador fabricado em Maringá era vendido entre R$ 150,00 e R$ 700,00, segundo informações fornecidas pela empresa de Maringá.
A Folha entrou em contato com a mulher do presidente do PFL municipal, Luiz Carlos Cavassim, mas foi informada que ele não estava em casa. O partido não tem sede própria na cidade. Procurado para dar sua versão sobre os simuladores, o ex-prefeito também não foi localizado.