Os vereadores de Fazenda Rio Grande, Região Metropolitana de Curitiba, vão se auto-presentear antecipadamente neste Natal. Um projeto, encaminhado pela mesa da Câmara Municipal, está pedindo o reajuste de salários dos vereadores, secretários municipais, vice-prefeito e prefeito. A intenção é engordar os contra-cheques em até 60%. Se for aprovado, a alta será maior que a inflação acumulada nos últimos quatro anos (de 42,36%), medida pela Fundação Getúlio Vargas. A medida já está causando polêmica e uma reação negativa da sociedade, que pede ética por parte dos integrantes da Câmara.
Para embasar o reajuste, os 13 vereadores da Casa argumentam que a Constituição permite que os ganhos deles atinjam o teto de 40% dos rendimentos de um deputado estadual. Atualmente, os integrantes da Câmara ganham R$ 1,5 mil e querem R$ 2,4 mil. O projeto de lei defende também que o salário do prefeito passe a ser de R$ 5 mil, do vice de R$ 2 mil, e dos secretários seria de R$ 3 mil.
"Uma alta dessas afetaria as finanças do município", questiona Leslie Moura, vereador eleito pelo PT. Integrante do Movimento pela Ética na Política, ele considera que o reajuste está desproporcional a realidade do município, que não consegue sequer aumentar o salário dos funcionários. Neste ano, a cidade arrecadou R$ 14 milhões. O orçamento para 2001 estima uma arrecadação de R$ 21 milhões.
O projeto seria votado ontem, mas uma emenda, pedindo uma alta de 30%, adiou a decisão para o dia 15 de dezembro. "Mas não está descartada, que seja convocada uma sessão extraordinária para aprovar o projeto", diz o vereador Francisco Santos (PSDB). Autor da emenda que reduz os ganhos, Santos entende que os vereadores devem ganhar mais. "Mas não é preciso chegar ao teto de uma só vez", afirma. Mensalmente, os vereadores de Fazenda Rio Grande realizam uma sessão por semana, que dura menos que uma hora.