Política

Temer revela que divergências políticas levaram a rompimento com Dilma

07 out 2016 às 11:53

O presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta sexta-feira (7) que respeita e admira a ex-presidente Dilma Rousseff na esfera pessoal, mas entende, que do ponto de vista institucional, "houve equívocos" na relação com a petista.

O presidente falou com a Rádio Gaúcha, do Rio Grande do Sul, nesta manhã. Já no final da entrevista, um dos jornalistas disse ao presidente que, enquanto eles conversavam, Dilma estava andando de bicicleta pela Orla do Guaíba, na zona sul de Porto Alegre.


O jornalista aproveitou para perguntar a Temer o que ele sentia pela ex-presidente. "No plano pessoal sinto todo o respeito e consideração. No plano institucional, penso que houve equívocos na relação", afirmou o peemedebista.


O presidente lembrou que o PMDB lançou, no fim de 2015, o documento "Uma Ponte para o Futuro", programa com propostas para a área econômica. "Propusemos várias medidas que poderiam ajudar o governo", afirmou o presidente. Segundo Temer, na época o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse a ele que havia quatro ou cinco medidas ali que deveriam ser usadas no governo. Mas, de acordo com Temer, o documento acabou sendo visto como um instrumento de oposição à administração petista.


Lava Jato


Temer deu mostras de que não pretende manter em sua gestão eventuais citados em delações premiadas no âmbito da Lava Jato. Na entrevista, o peemedebista foi indagado sobre o fatiamento dessa operação, nesta quinta-feira, 6, no STF, e da hipótese do surgimento de novos nomes ligados ao seu governo em futuras delações - à exemplo do que ocorreu com os ex-titulares das pastas do Planejamento e Turismo, respectivamente, Romero Jucá e Henrique Eduardo Alves.


"Foi interessante. Eles próprios vieram e disseram: 'Nós não queremos continuar no governo, vamos sair'. Tenho a sensação de que, se houver alguma menção (de outros integrantes do governo no âmbito do escândalo da Petrobras), o próprio ministro pedirá para sair", avaliou Temer. Temer reiterou que não afastou Jucá e Henrique Eduardo Alves, foram eles que pediram para deixar os cargos.


O presidente voltou a dizer que não tem "a menor intenção de interferir em matéria do Judiciário" e que "respeita solenemente" as decisões que se dão no âmbito da Lava Jato. "Quem estiver sendo investigado responderá no inquérito e numa eventual denúncia", disse. Contudo, criticou o fato de se condenar antecipadamente quem aparece nas delações: "Quando se delata a pessoa é (apontada como) condenada."


Beltrão


Temer voltou a defender o novo ministro do Turismo, Marx Beltrão, que tomou posse na última quarta-feira, 5. Como tem feito em declarações recentes, o presidente fez questão de dizer que o alagoano não está envolvido na operação Lava Jato. Ele ainda afirmou que Beltrão deverá ser absolvido do processo que responde no Supremo Tribunal Federal (STF).


"Quando se fala em Marx Beltrão, não se fala em Lava Jato", afirmou o peemedebista. De acordo com o presidente, o caso em que o ministro é réu no STF se deve ao fato de a prefeitura que ele comandou ter enviado ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) algumas guias de recolhimento sem o correspondente pagamento. "Quando foram notificados eles logo recolheram", disse Temer.

O presidente se mostrou confiante quanto à possibilidade de absolvição do novo ministro. "Tudo indica que ele será absolvido no Supremo, que não haverá condenação. Nunca sabemos o que Supremo vai decidir, mas tudo indica absolvição", disse Temer, minimizando a situação. "É mais uma medida administrativa. Por isso optei por nomeá-lo, porque era uma demanda da Câmara", completou.


Continue lendo