Política

Solução para o Fórum foi mau negócio

09 dez 2000 às 16:05

O metro quadrado dos novos prédios onde o governo do Estado quer abrigar parte do Fórum de Curitiba é 40% mais caro que o Custo Unitário Básico (CUB) - índice que baliza as despesas gastas pelas construtoras ao realizar uma obra. Segundo informação do Departamento de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), o CUB estaria cotado neste mês em R$ 511,97. Já as obras dos dois prédios com 13,3 mil metros quadrados cada um, vão sair por R$ 19,2 milhões. Ou seja, os cofres estaduais vão desembolsar R$ 721,80 pelo metro quadrado.

A diferença é criticada por setores da construção civil e entidades de classe. "Os valores fixados são um bom negócio apenas para as construtoras, mas não para a sociedade paranaense que vai pagar por essas obras", questionou o diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge), Raska Rodrigues.


Segundo Rodrigues, as estimativas de obras estão caras. No caso do atual esqueleto do Fórum, hoje abandonado no meio da praça do Centro Cívico, o metro quadrado para recuperar esse imóvel é ainda maior. A previsão é que se gaste R$ 1.013,98, totalizando R$ 14,5 milhões para 14,3 mil metros quadrados de área recuperada.


Ontem, a Folha procurou um representante do governo do Estado que explicasse essas disparidades. Como o secretário de Obras Públicas, Augusto Canto Neto, estava viajando pelo interior, foi divulgada uma nota oficial. No material da Comunicação do Palácio Iguaçu, o governador Jaime Lerner estaria pedindo economia nas obras, "sem a perda de padrão e funcionalidade, no projeto de conclusão das obras do prédio do novo Fórum da Comarca de Curitiba". Além disso, Lerner teria solicitado "a elaboração de estudos de materiais e uma planilha de custos para a simplificação dos gastos com a obra de recuperação do edifício, cuja construção foi paralisada em 1989".


"A Justiça para ser eficiente não carece de mármore ou vidro fumê. Ela precisa de uma moderna rede de informática e espaços adequados", disse o secretário de Comunicação Rafael Greca. Porém, nessa equação, o governo esqueceu de contabilizar o cálculo de quanto vai gastar a longo prazo pelos dois prédios.


Esses imóveis serão pagos pelo Estado em sistema de leasing, no qual as construtoras cobrariam 1% do valor da obra. Juntos os dois imóveis saírão por R$ 19,2 milhões, ou seja serão pagos mensalmente R$ 192 mil como uma espécie de aluguel. No prazo de 360 meses, que são os trinta anos, o governo terá desembolsado em torno de R$ 68 milhões, muito mais que os R$ 19,2 milhões iniciais.

As obras do Fórum de Curitiba iniciaram na gestão do governador José Richa e foram paralisadas em 1989, quando apresentaram problemas nas fundações. No último laudo, divulgado em 1996, foi comprovado problemas na estrutura e fundações.


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