Política

Sigilo bancário de ex-diretores do Banestado é quebrado

21 mai 2003 às 20:00

A CPI do Banestado aprovou nesta quarta-feira a quebra dos sigilos fiscal e bancário de quatro ex-diretores do banco, suspeitos de terem facilitado a renegociação de dívidas com empresas e empreiteiras através de transações lesivas ao patrimônio público.

Os quatro foram ouvidos na semana passada e explicaram que as renegociações eram necessárias por causa da necessidade de se captar recursos para o Banestado de cerca de R$ 1 bilhão por dia para não torná-lo insolvente.


Outros nove diretores do Banestado serão ouvidos na próxima segunda-feira. Eles estão sendo investigados com base em relatórios e atas de reuniões recebidas pela CPI do Banco Central (BC) e do Ministério Público (MP).


São 729 operações de empréstimos que teriam sido lesivas ao patrimônio do banco, vendido em outubro de 2000 para o Itaú. Os empréstimos não pagos teriam somado cerca de R$ 570 milhões somente em 1998, quando o Banestado acumulou prejuízo de R$ 2,8 bilhões. Entre as empresas que operaram com o banco, 11 são objeto de estudo detalhado dos deputados. Dentre as quais, a DM e Rodoférrea, controladas pelos filhos do empresário Darci Fantin.


A Folha tentou contato com todos os ex-diretores que tiveram seus sigilos quebrados, mas não foi possível. ''Você acha que os diretores do banco deram dinheiro para a DM (empresa da família de Darci Fantin)? É claro que não. Agimos para captar recursos'', justificou o ex-diretor Alaor Pereira. Além dele foram quebrados os sigilos de Gabriel Nunes Pires Neto, Sérgio Elói Druszcz e Oswaldo Batata.


Darci Fantin alegou, através de um interlocutor, que já se colocou duas vezes à disposição da CPI para depor, mas sem sucesso. Pai de Giovano e Deniz Fantin, controladores da DM e Rodoférrea, Darci Fantin diz ter agendado duas conversas com o presidente da CPI, Neivo Beraldin (PDT), para acertar a data do seu depoimento. Numa delas, Beraldin teria ido ao dentista. ''Na outra nem compareceu'', reclamou Fantin.

A quebra do sigilo dos diretores foi decidida depois que foi revelado um documento com a degravação da conversa de diretores que omitiram da ata decisões tomadas para beneficiar uma empreeiteira. ''Isso é gravíssimo. Não se pode maquiar a realidade e esconder transações irregulares que eram feitas'', afirmou Elza Correia (PMDB), relatora da CPI.


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