Para se livrar da abertura de um processo de cassação do mandato, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) deverá renunciar na tarde desta quarta-feira (21). O discurso anunciando a decisão está marcado para as 16h30, no plenário da Casa.
A manutenção de Severino no terceiro cargo político mais importante do país tornou-se insustentável depois que o empresário Sebastião Buani denunciou que pagava propina a ele em troca de continuar explorando os restaurantes da Câmara dos Deputados.
Se Severino renunciar, o primeiro vice-presidente da Casa, José Thomaz Nonô (PFL-AL), assumirá o cargo até a eleição de um novo presidente. O Regimento Interno da Câmara estabelece prazo de até cinco sessões ordinárias para que seja realizada essa eleição, secreta e em cédulas de papel.
O candidato precisará obter maioria absoluta de votos, ou seja, no mínimo 257 dos 513 deputados. E poderá haver segundo turno entre os dois mais votados. A posse do presidente ocorre imediatamente após a proclamação do resultado da eleição.
Líderes querem consenso
O líder da Minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse que PFL e PSDB devem caminhar juntos para a disputa e que "não pode haver veto a niguém". Para Rodrigo Maia (RJ), líder do PFL, o futuro presidente da Câmara deve ser um parlamentar experiente, que "tenha diálogo com todos os partidos e atue para colocar a Casa em ordem". O partido já lançou o primeiro vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (AL). E o PSDB, o ex-líder Jutahy Magalhães (BA).
Alberto Goldman (SP), líder do PSDB, informou que as lideranças dos dois partidos pretendem apresentar os nomes aos outros partidos e verificar qual deles tem maior viabilidade para a disputa. Se o entendimento não for possível, alertam, a escolha do futuro presidente deve ser feita no voto.
PSDB e PFL não aceitam os argumentos do PT, que por possuir a maior bancada reivindica o direito de presidir a Câmara. Segundo Goldman, "esse critério está fora de cogitação e se essa condição for imposta, qualquer diálogo estará rompido".
O líder do PDT, Severiano Alves (BA), disse que o bloco de oposição formado pelo PDT, PPS, PV e Prona vai lançar um candidato e citou entre os nomes prováveis os de Denise Frossard (PPS-RJ) e Alceu Collares (PDT-RS). "Podemos apoiar um nome que não esteja a serviço de nenhum partido e nem do governo, desde que tenha bom trânsito na Casa", disse Severiano.
O vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), que se lançou para disputar o cargo, afirmou que é preciso buscar um nome que una as várias correntes na Câmara: "Temos que abdicar das nossas diferenças e sentar à mesa em busca de uma solução para o impasse. Sem entendimento, vamos ao voto".
O líder do PT, Henrique Fontana (RS), defende que a presidência da Câmara fique com um representante da maior bancada. E já anunciou que o seu partido apresentará quatro nomes – Paulo Delgado (MG), José Eduardo Cardozo (SP), Sigmaringa Seixas (DF) e Arlindo Chinaglia (SP).
Outros nomes já lançados são os do deputado Michel Temer (PMDB-SP), que já presidiu a Casa por duas vezes; do secretárioo-geral do PTB, Luiz Antonio Fleury (SP); e dos ex-ministros Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Eduardo Campos (PSB-PE).
Fonte: Folha Online e Abr