Política

Serra: "Ciro é o atraso"

30 ago 2002 às 15:15

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, voltou a atacar ontem Ciro Gomes (Frente Trabalhista), no Rio, e o associou ao atraso e às forças conservadoras do país, ''só que com nova embalagem, embrulhado para presente'', em palestra para os defensores públicos do Estado do Rio. Afirmou também que Ciro costuma ''falsear a verdade''. ''Ele tem tudo aquilo de antigo e atrasado, só que com nova embalagem, embrulhado para presente. Tem, sim, experiência, mas em se manter no poder e bloquear as mudanças.''

Pouco antes, o ex-ministro criticara discretamente o líder das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem descreveu como ''a opção da esperança''. ''É gente que merece respeito, mas que não tem experiência.''


A briga maior de Serra é mesmo com Ciro. Os dois têm se revezado na vice-liderança das pesquisas de intenção de voto e, depois do início do programa eleitoral na TV e no rádio a diferença caiu para quatro pontos. O comando da campanha do PSDB decidiu continuar a estratégia. O tucano voltou a criticar o rival depois de ser informado de que havia sido chamado por ele de ''mentiroso'' ontem. ''Ciro é especialista é falsear informações. Como fez com o salário mínimo - disse que tinha pago US$ 100 e não pagou.''


O governista ironizou algumas das idéias de adversário e afirmou que o único bom programa do adversário é ''o de insultos, nisso ele é muito bom''. ''Ele tem uma proposta sobre o regime de Previdência que é uma verdadeira loucura - esse tal de regime de capitalização que ele sequer sabe explicar -, tem uma proposta enlouquecedora para a questão tributária, sem nenhuma base na realidade. Estou disposto a debater as idéias, mas não os insultos.''


Serra causou constrangimento ontem, em palestra para os defensores públicos do Rio, ao defender penas mais rigorosas e a extinção e restrição de benefícios para condenados pela Justiça. Os defensores prestam auxílio a réus sem recursos para contratar advogados e fazem parte da corrente mais liberal entre as carreiras da advocacia pública. ''Não tem nada de livramento condicional para quem praticou homicídio, seqüestro; tem de dobrar a pena de quem recruta menor para o crime e não tem de ter novo julgamento para os condenados a mais de 20 anos'', disse o candidato, para o desagrado da platéia. ''Para quem ele acha que está falando?'', comentou uma defensora.

A classe é favorável à agilização dos processos, ''mas nunca em detrimento das garantias individuais e constitucionais'', diz o presidente da Associação dos Defensores do Estado do Rio, André Luis de Castro. ''Estamos no caminho inverso. Queremos a ressocialização dos presos e o uso de penas alternativas, de reeducação. O aumento das penas não diminui a criminalidade.''


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