O corregedor-geral do Senado Federal, Romeu Tuma (PTB-SP), anunciou nesta sexta-feira (16) que abrirá na terça-feira (20) investigação por quebra de decoro parlamentar contra o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O procedimento foi motivado por episódio ocorrido na quarta-feira, quando o petista desfilou pelas dependências da Casa trajando uma sunga vermelha em referência à roupa do personagem Super-Homem. Suplicy atendeu a um pedido da apresentadora do programa "Pânico na TV" (RedeTV!), Sabrina Sato, que comparou Suplicy a Clark Kent, identidade secreta do super-herói.
"Soube dessa ocorrência da calcinha vermelha apenas hoje, pelas fotos veiculadas pela imprensa", disse Tuma, referindo-se à sunga - chamada também de calção por Suplicy. "Fiz questão de juntar todo o material para abrir uma investigação."
O senador petebista disse que ficou "chocado" com as imagens. "É tão ridículo que custei a dar crédito às fotos. É chocante que um senador ande de calcinha por pedido de um programa de TV", criticou.
Tuma fez questão de lembrar que o regimento interno do Senado inclui os trajes usados pelos parlamentares nos princípios de decoro da Casa. "O senador feriu as regras e sujou a imagem do Senado em um período não muito positivo de sua história", censurou o corregedor, referindo-se às denúncias recentes que tiveram como pivô o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
Trâmite
Tuma explicou que a investigação é o primeiro passo para abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar. "A partir de terça-feira, vamos analisar todo o material sobre o caso publicado na imprensa e veiculado na internet", afirmou.
Se a conclusão da Corregedoria-Geral for de que houve infração por parte de Suplicy, uma representação será encaminhada ao Conselho de Ética, que irá decidir sobre a abertura do processo. "Aí a decisão é de alçada do Conselho de Ética, que pode pedir até a cassação do senador", ressaltou.
Cassação histórica
Foi esse o desfecho de um episódio semelhante ocorrido em 1946 com o então deputado Edmundo Barreto Pinto (PTB-RJ). O parlamentar se deixou fotografar de cueca samba-canção pelas lentes do fotógrafo Jean Mazon, da revista "O Cruzeiro".
Trajando apenas a parte de cima de um fraque, Barreto Pinto acreditou na promessa do fotógrafo e de seu companheiro de reportagem, o jornalista David Nasser, de que seria publicada na revista uma imagem apenas da cintura para cima. O parlamentar foi cassado por quebra de decoro.
Tuma não acredita que o episódio protagonizado por Suplicy terá a mesma conclusão do vivido por Barreto Pinto. "Creio que, no máximo, Suplicy receberá uma advertência pelo mau comportamento", disse. "Até porque, no caso do Barreto Pinto, ele foi cassado mais por interesses políticos", lembrou.