O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, disse hoje (28) que a retirada do senador boliviano Roger Pinto Molina do país pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia feriu a soberania da Bolívia. Segundo Carvalho, o episódio causou "enorme problema" e precisa ser resolvido com sabedoria e tranquilidade. O senador, que faz oposição ao governo de Evo Morales, estava abrigado na embaixada brasileira em La Paz há 15 meses e não obteve salvo-conduto.
"Do ponto de vista da relação entre os dois países, foi uma atitude indevida,que nos causa efetivamente um enorme problema. Agora temos que ter a sabedoria e a tranquilidade de resolvê-lo observando todos os aspectos, sem precipitações", afirmou o ministro.
Segundo Carvalho, há um incômodo por parte do governo brasileiro em relação à situação. "Você não pode promover a retirada de ninguém de um país ferindo a sua soberania. Você tem todo o direito de pressionar, negociar, fazer discussões, mas não pode fazer isso. Há um incômodo realmente do governo brasileiro", acrescentou Carvalho.
Ele disse que espera um avanço nas informações para conhecer melhor a situação do parlamentar boliviano e saber se ele sofreu perseguição política no país. "Importa fazer justiça em todos os aspectos: no que envolve o diplomata, no que envolve o senador e, particularmente, na relação com um país com o qual temos uma relação muito fraterna."
O ministro destacou também que o Brasil não gostaria de ser vítima de situação semelhante e deve respeito a todos os países, de forma indistinta. "Não gostaríamos também de ser vítimas de uma situação semelhante. É muito fácil criticar a Bolívia e ter medo dos grandes. Não podemos ter esse comportamento. Todos os países merecem de nós o respeito a sua soberania."
O senador boliviano ficou asilado cerca de um ano e três meses na Embaixada do Brasil na Bolívia. O salvo-conduto era negado pelas autoridades bolivianas sob alegação que o parlamentar responde a processos judiciais no país. Na sexta-feira (23), o parlamentar deixou a embaixada com a ajuda do diplomata brasileiro Eduardo Saboia e veio para o Brasil.
A ação provocou a saída do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado.