O senador Roberto Requião, presidente estadual do PMDB, defendeu a elaboração de um projeto propondo que os lucros da Companhia Paranaense de Energia (Copel) sejam destinados para a capitalização do fundo de previdência dos servidores do Estado, a Paraná Previdência. Como o governo alega que a venda da estatal de energia é necessária para estancar o déficit previdenciário, de R$ 90 milhões todos os meses, Requião defende que os lucros sejam transferidos para o fundo, e que a empresa permaneça nas mãos do Estado.
A proposta do senador - candidato à sucessão do governador Jaime Lerner (PFL) - foi apresentada nesta terça-feira aos deputados, durante almoço com o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PTB).
"Em 10 anos, o fundo estaria capitalizado sem precisar se desfazer da empresa, que é estratégica para o desenvolvimento", ponderou Requião. O senador disse que o Estado está quebrado e o governador precisa de ajuda. Ele afirmou que "não está brincando de oposição" e que "não é interessante que o governo se dê mal, porque o Paraná vai junto".
A proposta de Requião foi bem recebida nas fileiras da oposição. O petista Ângelo Vanhoni afirmou que a proposta é uma das alternativas avaliadas pelos deputados contrários à privatização. Para o líder do PMDB na Casa, Nereu Moura, o projeto deveria ter o apoio de toda a Assembléia. Moura adotou um discurso moderado e disse que a oposição não quer somente criticar, mas também apontar soluções e contribuir para resolver o problema.
O líder do governo, Durval Amaral (PFL), disse que a idéia do senador não vai conseguir capitalizar a Paraná Previdência, que precisa de cerca de R$ 4 bilhões. Cerca de R$ 1,5 bilhão já foi injetado basicamente com a antecipação dos royalties de Itaipu. Faltam mais R$ 2,5 bilhões. Dos R$ 430 milhões de lucro obtidos no ano passado, coube ao governo do Estado cerca de R$ 140 milhões. "O lucro da Copel que cabe ao Estado mal dá para pagar a folha de um mês, que consome R$ 260 milhões", calculou Amaral.
O secretário-chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, sustenta que, se a Copel não for vendida, o Estado vai levar entre 10 e 12 anos para equilibrar o fundo previdenciário. "E daqui a quatro anos a companhia de energia não vai valer o que vale hoje", argumentou.
Leia mais em reportagem de Maria Duarte, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quarta-feira