O governador Roberto Requião inaugurou uma nova polêmica nesta quarta-feira. Sem apresentar provas, ele disse que a prisão do ex-diretor do Banestado, Gabriel Nunes Pires Neto, é "a ponta de um esquema que pode revelar os bastidores da campanha eleitoral de 1998". As informações são da secretaria estadual da Comunicação Social.
"O que vem a público agora consolida as informações que eu já tinha, de que essas empresas emprestaram o nome e a razão social para os empréstimos serem realizados e que por isso não foram pagos", disse Requião.
O ex-diretor de Câmbio e Operações Internacionais do Banestado foi preso na terça-feira, sob acusação de corrupção ativa e passiva e contra o sistema financeiro nacional.
Segundo o juiz Sérgio Fernando Moro, da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Gabriel Nunes liberou, em agosto de 1998, empréstimos que somaram US$ 4,5 milhões e foram considerados irregulares pelo Ministério Público.
Seis empresários receberam o dinheiro através da agência do Banestado das Ilhas Cayman. Em suas declarações, Requião ligou esses empréstimos à campanha eleitoral de Lerner de 1998 - em que o adversário de Requião reelegeu-se governador do Paraná.
"Tudo leva a crer que esses empréstimos foram feitos para abastecer de dinheiro a campanha de Jaime Lerner quando o enfrentei nas eleições de 1998", disse Requião.
Segundo o MP, o ex-diretor teria concedido os empréstimos já sabendo que eles jamais seriam pagos. "Os empréstimos não foram feitos para essas empresas. Foram feitos para financiar a campanha eleitoral do ex-governador", disse Requião.
A assessoria de Lerner em Curitiba disse que são absurdas e inverídicas as acusações de Requião e que o caluniador (no caso o próprio governador) responderá judicialmente sobre as declarações.