O governador Roberto Requião (PMDB) fez um discurso duro nesta segunda-feira para os prefeitos do Paraná que se colocaram contra a encampação do pedágio.
''O prefeito que quiser cobrar ISS (Imposto Sobre Serviço) em cima do roubo do povo é um sem-vergonha'', disse o governador a jornalistas, minutos antes da assinatura de um convênio para a construção de 1.743 casas em 42 municípios do Estado.
A cerimônia foi no Palácio Iguaçu, em Curitiba. Durante a assinatura do convênio - na presença de diversos prefeitos -, Requião manteve o tom de repreensão. Disse que se sente envergonhado com a atitude deles, que divulgaram sua postura na semana passada.
''Peço pelo amor de Deus aos prefeitos para que não se posicionem dessa maneira pusilânime (covarde)'', disse o governador. Os 87 prefeitos que têm o orçamento municipal engordado com a receita do ISS pago pelas concessionárias temem que a encampação implique em prejuízo aos cofres municipais.
De acordo com projeções da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), a perda total pode chegar a R$ 2 milhões mensais. O volume de recursos pagos pelas concessionárias equivale a 87% da receita de ISS dos municípios que margeiam as rodovias pedagiadas, nos cálculos da AMP.
Afinado com o governador, o secretário de Estado dos Transportes, Waldyr Pugliesi, também condenou a postura dos prefeitos. Para o secretário, os prefeitos estão agindo de maneira ''egoísta''.
''A economia do Paraná não pode ser sugada, tem que estar acima dos interesses de uma ou outra prefeitura'', declarou Pugliesi. O presidente da AMP e prefeito de Barracão, Joarez Lima Henrichs (PFL), preferiu não comentar as declarações de Requião.
Ele pretende marcar uma audiência com o governador ainda esta semana, para conversar sobre o assunto. Henrichs sustenta que haverá prejuízos econômicos e sociais em algumas cidades.
Requião criticou ainda os valores reivindicados pelos prefeitos para o transporte escolar, que teriam crescido demais nos últimos anos, de acordo com ele. ''Vamos governar em parceria com os prefeitos'', acrescentou, amenizando as críticas.
Henrichs pretende fazer uma reunião com os 399 prefeitos do Estado na próxima segunda-feira, em Curitiba, e depois conversar com o governador. O governo do Estado quer que o Ministério Público investigue os valores repassados às prefeituras para o transporte dos alunos. Segundo a AMP, caberia ao governo o repasse total de aproximadamente R$ 70 milhões ao ano.