O Banestado (Banco do Estado do Paraná) transformou-se, nos últimos dez anos, "numa grande lavanderia de dinheiro, permitindo todo tipo de falcatruas", segundo disse, na manhã desta terça-feira, em depoimento perante à CPI Mista do Banestado, o relator de uma CPI de idêntico objetivo da Assembléia Legislativa do Paraná, deputado estadual Mário Sérgio Bradock.
Também depôs perante à CPI o presidente da comissão estadual, deputado Neivo Beraldin. Após os depoimentos dos dois deputados paranaenses, a CPI Mista realizou reunião secreta, para que seus membros tomassem conhecimento de documentos protegidos pelo sigilo bancário.
No seu depoimento, o deputado Mário Sérgio Bradock disse que as irregularidades e más gestões cometidas no Banestado foram "atitudes premeditadas, que objetivavam, na verdade, à privatização do banco, o que terminou sendo feito". Para o deputado, outras ações, como a sub-avaliação de imóveis pertencentes ao banco, teriam sido adotadas intencionalmente, para que o banco quebrasse e pudesse ser vendido a baixo preço. Após a verdadeira "quebradeira" do banco, o Banco Central emprestou R$ 5 bilhões para possibilitar seu saneamento financeiro, e o Banestado foi vendido, depois, ao Banco Itaú, por R$ 1,6 bilhão.
Ainda segundo Mário Sérgio Bradock, "as gestões absurdas foram acompanhadas de uma grande fragilidade na contabilidade do Banestado, que não sofria nenhuma fiscalização por parte do Banco Central". Todo o controle do banco ficava a cargo de apenas uma pessoa, o ex-gerente Eraldo Ferreira, já ouvido pela CPI estadual, e que forneceu detalhes sobre as operações irregulares.
Complementando as informações do relator da CPI estadual, o presidente da comissão, Neivo Beraldin, disse que o ex-gerente Eraldo Ferreira será capaz de revelar "todo o esquema de lavagem de dinheiro e de subfaturamento de exportações, que existiu no Banestado desde 1993". Eraldo Ferreira será ouvido pela CPI Mista do Banestado no próximo dia 22, juntamente com os ex-gerentes do banco nas Ilhas Cayman, Ricardo Franckyck, de Nova York, Hércio Santos, e de Foz do Iguaçu, Valdir Perin.
Neivo Beraldin revelou que a CPI estadual possui, em CD-ROM, toda a movimentação do Banestado entre 1996 e 1999, sendo preciso apenas que os dados sejam cruzados com as informações da Receita Federal para se constatar, segundo ele, "essa situação de crime de lesa-pátria", que foram as remessas ilegais de dólares por meio de contas CC-5.