A comissão instituída nesta quinta-feira (10) pelo presidente do Senado, José Sarney, para elaborar um anteprojeto de lei de reforma política, conta com senadores com intensa participação na vida política do país nas últimas décadas. Dos 12 integrantes da comissão, dois foram presidentes da República: Fernando Collor (PTB-AL) e Itamar, Franco (PPS-MG), companheiros na chapa que chegou ao Planalto em 1990, Collor como presidente e Itamar como o vice que assumiu a titularidade do cargo depois da renúncia do primeiro.
A comissão poderá contar ainda com a experiência de oito ex-governadores, aí mais uma vez incluídos Collor e Itamar. Collor chegou ao governo de Alagoas em 1989 e desse posto se projetou nacionalmente, por meio de ações administrativas e corte de altos salários acumulados por servidores, por isso ganhando então o título de "caçador de marajás". Itamar Franco (PPS-MG) elegeu-se governador em 1996, dois anos de deixar a Presidência com o legado da estabilidade monetária - alcançada com o Plano Real.
Roberto Requião (PMDB) governou o Paraná por três vezes, o último mandato encerrado no ano passado, após reeleição. Já esteve no Senado Federal de 1995 a 2002, agora retornando à Casa com o discurso de que o país precisa de reformas econômicas, inclusive com autonomia para o Banco Central. Agora terá de conciliar essa agenda com os temas da reforma política.
Secretário particular do avô Tancredo Neves, sua influência decisiva na escolha da carreira política, Aécio Neves (PSDB-MG) é outro ex-governador na comissão. Ele ficou á frente da administração de Minas Gerais por dois mandatos consecutivos, até o ano passado. Antes, foi três vezes deputado federal, da última vez exercendo o cargo de presidente da Câmara dos Deputados. É nome de bom trânsito nas duas Casas.
O engenheiro florestal Jorge Viana (PT-AC) começou a vida política apoiando trabalhadores rurais e seringueiros, quando se aproximou do líder Chico Mendes. Em menos de uma década, conquistou seu primeiro mandato como governador do Acre, se reelegeu ao cargo e agora, no Senado, recebe a tarefa de pensar a reforma política. Estará na companhia de Antônio Carlos Valadares (PSB), que se reelegeu agora senador, já esteve à frente do governo de Sergipe, e que também já passou pela Assembléia Legislativa de seu estado e pela Câmara dos Deputados.
O senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) governou Santa Catarina por dois períodos consecutivos, até o ano passado. Passou pela Prefeitura de Joinville depois de exercer mandatos de deputado estadual e federal. Foi próximo a Ulisses Guimarães e chegou a coordenar a campanha presidencial do histórico líder da oposição ao governo militar. Também presidiu o PMDB.
Bancário e radialista, o senador José Wellington Barroso de Araújo Dias (PT) chegou agora ao Senado, depois de governar o Piauí por dois períodos seguidos. Sua estréia eleitoral deu-se em 1992, quando foi eleito vereador em Teresina. Na sequência, elegeu-se deputado estadual e federal, quando se destacou em investigações sobre o crime organizado.
Na comissão da reforma política, estará também o ex-governador Eduardo Braga (PMDB), que governou o Amazonas de 2003 a 2010, período de dois mandatos. Depois de se eleger vereador, em 1983, saltou sucessivamente para a Assembléia do Amazonas, a Câmara dos Deputados e os postos de vice-prefeito e prefeito de Manaus.
Mas será de um senador três vezes ministro a presidência da Comissão da Reforma Política. Francisco Dornelles (PP-RJ) foi titular da pasta da Fazenda no governo Sarney; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso; e voltou a ser ministro do Trabalho, no segundo mandato. A partir de 1986, elegeu-se deputado federal quatro vezes seguidas. Também já esteve no comando da Secretaria da Receita Federal.
Ministério Público
Os dois integrantes da comissão com trajetória político-eleitoral mais recente são Demóstenes Torres (DEM-GO), que renovou agora seu mandato de senador, e Pedro Taques (PDT-MT), no exercício de seu primeiro mandato. Os dois compartilham trajetória profissional anterior no Ministério Público. Demóstenes, que nos últimos dois anos presidiu a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), ganhou também reconhecimento pelo combate ao crime quando esteve à frente da Secretaria de Justiça em Goiás. Como procurador da República, Pedro Taques atuou em investigações contra o crime organizado. Renunciou à carreira para assumir o mandato de senador.