Em documento divulgado no mesmo dia em que o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, detalhou o contingenciamento de R$ 69,9 bilhões no Orçamento deste ano, o PT reiterou as críticas que vem fazendo à gestão da correligionária Dilma Rousseff, na condução da economia do País. O manifesto dirigido aos delegados que participarão do 5º congresso da sigla, no mês de junho, em Salvador, diz que o ajuste fiscal, mesmo necessário, não foi pactuado com a sociedade, especialmente com as centrais sindicais, como deveria.
"Ao invés de apresentá-lo como uma condição para o País continuar crescendo e suportando novas políticas e novos avanços sociais, o ajuste foi apresentado quase que como um fim em si mesmo, como se fora o objetivo central do governo que acabara de ser reeleito", diz o documento, emendando: "Essa frustração também serviu de combustível às mobilizações e ao discurso da direita que viu uma nova janela de oportunidade para prosseguir no embate político contra o projeto (petista), tentando criar um ambiente de terceiro turno."
O manifesto do PT de São Paulo diz também que a base social da legenda ficou "perplexa" diante da agenda negativa adotada após Dilma ser reeleita. "As primeiras medidas adotadas logo após a eleição, frustraram essas expectativas e arrefeceram toda a energia que havia sido produzida", diz o documento da comissão executiva do diretório estadual do PT em São Paulo. As críticas contidas nesse manifesto estão na mesma linha do que vem pregando recentemente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o líder petista, o governo Dilma precisa urgente de uma agenda positiva que se contraponha às duras medidas que o pacote fiscal está impondo à sociedade, principalmente à classe trabalhadora.
O PT paulista reconhece que o congresso de Salvador ocorre num dos momentos mais graves da trajetória e perspectivas futuras da legenda. O próprio presidente do diretório estadual do partido em São Paulo, Emídio de Souza, admitiu que o tema central deste congresso serão as insatisfações com o governo Dilma Rousseff. E o estopim para o crescimento das críticas contra o governo é o ajuste fiscal ortodoxo, que na avaliação de dirigentes petistas tem penalizado injustamente a classe trabalhadora e os mais pobres. "A crítica é a que todo mundo tem, a situação de penúria do governo, o aperto do governo, que tem prejudicado as prefeituras, os programas sociais", destaca Emídio.