Os senadores paranaenses Alvaro Dias e Osmar Dias podem ser expulsos do PSDB. A ameaça partiu ontem do presidente nacional do partido, o deputado estadual José Anibal (SP). Ele alegou que a permanência dos irmãos tucanos na sigla ficou "incompatível" a partir do momento em que eles assinaram o requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Corrupção, para investigar o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
José Anibal pedirá a expulsão dos dois tucanos que, na sua avaliação, não têm seguido outras orientações partidárias. "Vou manifestar meu inconformismo com essa situação", disparou Anibal, pouco antes de se reunir com a executiva nacional do PSDB. A cúpula tucana considera que, por terem assinado a CPI, os paranaenses perderam a confiança do partido.
A decisão do PSDB pode ter sérios reflexos na campanha de sucessão ao governo do Paraná. Alvaro é pré-candidato declarado. Osmar nega planos de disputar a chefia do Executivo, mas, nos bastidores, já tem apoio.
As declarações de José Anibal irritaram Osmar - que recebeu a notícia pela imprensa. Osmar disse que, a partir de agora, vai analisar "com carinho" o convite feito pelo senador Roberto Requião (PMDB) para mudar de partido. Requião é candidato ao governo, em 2002. "A direção do partido deveria ter nos convidado para debater o assunto antes de discuti-lo nessa reunião da executiva, que dizem que seria realizada. Pelo menos comigo, até hoje não houve conversa sobre isso", reclamou, referindo-se ao fato de ter assinado a CPI da Corrupção. "Uma decisão dessa gravidade não deveria ser tomada antes de nos ouvir", emendou. "Ou o regime democrático não vale mais?", questionou.
Para ele, o PSDB deveria apoiar investigações sobre a corrupção. "Ou o partido não está sintonizado dos anseios da sociedade. É um direito que nós temos de assinar essa CPI". Osmar disse que vai aguardar a decisão do partido com tranquilidade. "Mas não tenho muita paciência para esse tipo de comportamento", sinalizou. Disse que pretende continuar no PSDB, pelo menos por enquanto.
Osmar está no PSDB desde 1995. Em fevereiro de 96 saiu da legenda, porque assinou a CPI do Sistema Financeiro e do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Houve retaliações por conta do episódio, e ele ficou um ano sem partido. Voltou em fevereiro de 97 ao PSDB. "O PSDB deveria apoiar a CPI porque, afinal, é o partido da ética e da moralidade", disse o senador.
O senador Alvaro Dias foi procurado mas não retornou os recados deixados pela Folha. Ele estava em Recife (PE), por conta da CPI do Futebol, e voltaria à noite para Brasília. Anteontem, por meio de nota oficial do PMDB, Requião convidou Alvaro a "refletir" sobre o "acordo branco" que possibilitou sua eleição e a do governador Jaime Lerner (PFL).
Além do problema paranaense, os dirigentes tucanos discutiriam na reunião da executiva outras questões regionais. É o caso, por exemplo, de Minas Gerais, onde o partido vem sofrendo baixas. José Anibal pretende, inclusive, visitar o Estado para conversar com partidários.