Política

Promotoria começa a investigar desvios na Imprensa Oficial

05 dez 2000 às 19:51

A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público começará a investigar a denúncia de que ex-diretores da Imprensa Oficial do Estado desviaram cerca de R$ 1,5 milhão do órgão. O ex-diretor presidente Ênio Malheiros e o ex-assessor José Carlos Chain Jabur foram demitidos pelo governador Jaime Lerner (PFL) no final do ano passado. O desfalque só foi confirmado em setembro último, por uma sindicância.

O promotor Francisco de Albuquerque Siqueira Branco, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais, entregará nesta quarta-feira a documentação do caso ao promotor Munir Gazal, da Coordenadoria de Promotorias do Patrimônio Público. Como se trata de suposta lesão a uma estatal, esse órgão do Ministério Público será o responsável pela apuração.


O Ministério Público reconheceu ter passado à Folha a informação equivocada de que não havia recebido nenhuma denúncia sobre o suposto desvio. Confirmou que a Secretaria de Justiça encaminhou as conclusões da sindicância no último dia 22.


Realizada por cinco servidores, a sindicância concluiu que a gestão de Ênio Malheiros foi "desastrosa", contribuindo para que houvesse "corrupção passiva por parte de seus subordinados". A Imprensa Oficial é o órgão encarregado de publicar os atos do governo, reunidos principalmente no Diário Oficial do Estado.


Por meio de sua advogada, Malheiros negou envolvimento nos desvios apontados e acusou a sindicância de ter realizado um trabalho "parcial", não tornando públicas as denúncias e nem dando chance de defesa aos acusados. Malheiros é amigo do ex-governador José Richa (PSDB), o principal responsável por sua indicação. A demissão dele provocou o rompimento entre Richa e Lerner.


Deputados de oposição chegaram a especular que o dinheiro supostamente desviado teria sido usado na campanha de Beto Richa (PSDB), filho do ex-governador, a deputado estadual, em 98. Beto Richa, vice-prefeito eleito de Curitiba na chapa de Cassio Taniguchi (PFL), divulgou nota em que nega essa insinuação, atribuindo-a à "má-fé de opositores".


A nota afirma também que a indicação dos dois demitidos não foi só do ex-governador e seu filho, mas de "boa parte dos militantes" do PSDB, partido da base de sustentação de Lerner. "Se tratava de pessoas idôneas, com bons serviços prestados ao Paraná, inclusive durante os governos do PMDB", continua a nota.

Beto Richa diz que só tomou conhecimento das denúncias pelos jornais. A Folha procurou o ex-governador, mas foi informada que ele estava em viagem a São Paulo e não foram passados telefones para contato.


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