A direção da Rádio e Televisão Educativa do Paraná (RTVE) pretende rever a situação do cientista político, economista e editor carioca Cesar Benjamin, como comentarista da emissora. "No momento ele está desacreditado", justificou o diretor-presidente da estatal, Marcos Batista. Em artigo publicado sexta-feira, no jornal "Folha de S.Paulo", Benjamin reproduz suposto diálogo que teria tido em 1994 com o então candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em que este teria dito que tentara "subjugar" sexualmente um colega de cela, quando de sua prisão em 1980.
Apesar de Benjamin ser identificado como diretor-presidente da RTVE no Sistema de Informações Organizacionais do Poder Executivo, na página que a Casa Civil mantém na internet, Batista negou que ocupe esse cargo. De acordo com ele, trata-se apenas de uma nomenclatura. Batista é o diretor-presidente ocupando um cargo AE-1, que tem status de secretário de Estado. Na estrutura da RTVE sobrava apenas um cargo DAS-1, que na estatal é o do presidente, para a nomeação de Benjamin. Ele foi colocado nessa sigla em 8 de maio de 2008, embora não exerça a presidência de fato. "Seria como colocar o Adriano (atacante do Flamengo) com a camisa número 2", comparou Batista.
Uma possível exoneração de Benjamin, que recebe cerca de R$ 5 mil, ainda não chegou a ser cogitada, mesmo porque Batista disse não ter tido condições de conversar com o funcionário até agora. "Parece que caiu o mundo na cabeça dele", afirmou. O ex-militante petista vive no Rio de Janeiro, onde grava seus comentários, e eventualmente aparece em Curitiba. Normalmente para participar, como palestrante, de eventos organizados pelo governo do Estado, como o seminário sobre pré-sal, no dia 22 de outubro.
Antes de ter o cargo comissionado, Benjamin foi contratado, em dezembro de 2005, para produzir dez documentários de "caráter histórico-cultural e educativo sobre o Brasil". De acordo com Batista, ele já ajudou a emissora em uma coprodução sobre os indígenas e a ocupação na fronteira do Brasil. Atualmente, estaria trabalhando em uma série sobre cientistas. Explicações cobradas por deputados de oposição sobre a situação de Benjamin na hierarquia da RTVE não progrediram, em razão de o requerimento ter sido derrubado na sessão de segunda-feira.
Batista destacou que o texto de Benjamin "não tem nenhum aval na televisão". "Na televisão, ele é um sujeito com visão crítica das coisas do governo e de integração latino-americana", ressaltou. O governo do Estado foi veemente em condenar a manifestação de Benjamin. "O governo manifesta forte indignação com o texto do funcionário da TV Educativa, considerando a publicação do artigo, ainda mais em um jornal claramente de oposição ao governo federal, uma atitude injustificada, absurda, fora de qualquer propósito, e parece que a serviço de uma determinada corrente político eleitoral", disse o secretário da Comunicação, Benedito Pires.
A reportagem tentou contato com Benjamin, por meio da editora Contraponto, no Rio de Janeiro, mas não houve resposta.