Pré-candidatos à Presidência lamentaram nesta terça-feira (8) a desistência do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa em disputar o cargo durante a 73ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), em Niterói, na Grande Rio.
O pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin disse que Barbosa, poderá participar de outra forma do processo eleitoral. Segundo o ex-governador paulista, há muitas conversas em curso sobre alianças, mas isso só deve ser concluído em julho. O PSB, partido ao qual o ex-ministro é filiado, é aliado do PSDB em São Paulo.
"É uma perda, porque precisamos de novas lideranças como ele, com mais participação e serviços para o Estado. Tenho certeza que, se não for como candidato, a participação dele será de outra forma", afirmou Alckmin.
A pré-candidata do Rede, Marina Silva, disse que respeita o debate interno do PSB, mas destacou a "identidade programática" entre os dois partidos, que foram aliados na disputa presidencial de 2014. Ela ressaltou, porém, que a decisão do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa ainda é muito recente e é preciso dar tempo ao PSB para debater a decisão.
"Boa parte da base da nossa proposta para 2018 está construída em cima do programa de 2014, que fizemos juntos", disse, lembrando que o então candidato do PSB, Eduardo Campos, acolheu o Rede quando este não conseguiu o registro de partido político e que ela assumiu a cabeça de chapa após a morte de Campos em um acidente aéreo.
Outro presidenciável que comentou a desistência de Barbosa durante a FNP foi Guilherme Afif Domingos, do PSD. "Empobrece a disputa, era um quadro importante para esse processo", disse Afif, que também afirmou que a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , condenado na Operação Lava Jato, "embaralha bastante o jogo".
Respeito
Já Manuela D'Ávila do PCdoB disse que respeita a decisão do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa de desistir da candidatura. "É uma decisão que passa por questões pessoais", afirmou.
Pré-candidato do PRB à Presidência da República, o empresário Flávio Rocha disse ao Estadão/Broadcast que pode herdar votos que iriam para o ex-ministro Joaquim Barbosa (PSB). "Os votos que iriam para ele são de eleitores que demandam mudança e renovação. Nosso projeto pode ser o escoadouro desses votos", disse Rocha.
O empresário também elogiou Barbosa: "Joaquim é uma das pessoas mais importantes da história recente do Brasil. Entendo os motivos dele desistir. Sei dos ataques que ele pode sofrer, como eu tenho sofrido em relação a minha família e religião".
Para o pré-candidato Álvaro Dias (PODE) ainda é difícil avaliar qual candidato ganha com a decisão de Barbosa de não entrar na disputa. Ele e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato do PSDB, que é aliado do PSB em São Paulo, sinalizaram para a possibilidade de que o ex-ministro possa colaborar em seus governos, citando especificamente projetos ligados a área de gestão pública.
Questionados sobre a possibilidade de o ex-presidente do STF vir a ocupar a vaga de vice em suas chamas, tanto Alckmin quanto Dias e Marina foram reticentes e destacaram a importância de respeitar a "decisão pessoal" de Barbosa.
Nos bastidores, a decisão de Barbosa foi considerada positiva principalmente no campo da esquerda. Aliado do pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, disse que a decisão abre espaço para a união dos setores progressistas.
"A situação do país é dramática na economia, com desemprego e aumento da pobreza, na crise de confiança e da democracia. A desistência de Joaquim Barbosa abre uma enorme possibilidade de união dos setores progressistas e de centro esquerda", declarou, no intervalo da 73ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que acontece em sua cidade.
Barbosa, cogitado há alguns meses como pré-candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) à Presidência , confirmou nesta terça-feira, 8, que não concorrerá ao cargo. De acordo com ele, a decisão é "estritamente pessoal". Na mais recente pesquisa Datafolha, do mês passado, Barbosa aparecia bem posicionado, em torno dos 10% das intenções de voto, enquanto Alckmin tinha entre 7% e 8%. O anúncio foi feito pelo próprio ex-ministro em sua conta no Twitter.