A secretária municipal de Educação, Vera Hilst, foi o assunto preferido dos vereadores no grande expediente de ontem na Câmara Municipal de Londrina.
Em pauta, a circular número 54/10, da Secretaria, que proibiria diretores e funcionários de escolas da rede municipal de falarem com a imprensa sem autorização prévia da chefe da pasta. A proibição teria sido dada após muitos dirigentes terem feito críticas a jornalistas sobre falta de merenda.
No plenário, a circular foi debatida pelos vereadores Rony Alves (PTB) e Amauri Cardoso (PSDB) - professores, respectivamente, do Estado e do Município -, segundo os quais servidores teriam relatado que a proibição seria uma forma de se evitar a divulgação de problemas como mato em volta de escolas e falta de desjejum em algumas unidades da periferia e do Centro.
Conforme os dois vereadores, a chegada da circular a escolas da cidade teria sido confirmada por diretores de colégio e funcionários, impedidos de dar entrevistas, principalmente, em relação à merenda. Alves criticou o que, para ele, é uma atitude que ''remete à censura''. ''Não estamos mais em uma ditadura, mas em um regime democrático; não cabe essa mordaça. A imprensa trabalhando também com a comunidade de dentro e fora dessas unidades, e não apenas com a secretária, pode inclusive ser um braço para ajudara escola a melhorar o for nercessário'', afirmou o petebista.
Para o vereador tucano, professor de Educação Física em uma escola do Jardim União da Vitória (Zona Sul), os próprios pais de alunos vêm relatando o problema da falta de desjejum. ''A sensação dos professores e diretores é de medo, de insegurança em reclamar - mesmo porque, há dificuldades de acesso à secretária'', queixou-se.
A chefe da Educação municipal eximiu-se: confirmou a existência da circular, mas afirmou que ela se refere ''apenas à equipe interna'' da Secretaria. ''É só para orientar nossos funcionários sobre procedimento a respeito do fornecimento de dados estatísticos, pois alguns acabam saindo inconsistentes'', justificou, para completar: ''Concentramos (a divulgação) da Educação e no Núcleo de Comunicação para que a gente pudesse dar uma olhada antes de forma alguma isso é mordaça''.
Sobre a falta de café da manhã em algumas unidades da rede, Vera garantiu que o problema será resolvido até, no máximo, a próxima segunda-feira. ''O desjejum de algumas escolas não foi suspenso, apenas as diretoras solicitaram a permuta pelo lanche aternativo. Mandamos uma orientação para que possam fazer uma comunicação oficial do que se passa, e isso será normalizado até segunda''. Já a respeito do mato, definiu: ''Em mais de 50% das escolas já foi cortado, e, aliás, o mato é uma realidade do município. Até o final da semana que vem a CMTU dará jeito nisso''.